Uma história de superação ambiental que está inspirando o mundo. O município de Cubatão, outrora conhecido como Vale da Morte, apresenta sua extraordinária transformação durante a COP30 em Belém, mostrando que é possível reverter décadas de degradação ambiental.
Da tragédia ao reconhecimento internacional
O prefeito César Nascimento lidera a comitiva cubatense na conferência da ONU, onde compartilha a trajetória da cidade que já foi símbolo do fracasso ambiental. Durante sua apresentação no último sábado (15) no Pavilhão Brasil, na Blue Zone, Nascimento emocionou ao relembrar os tempos difíceis.
"Toda a riqueza produzida não chegava à população, que era empurrada para as palafitas e morros, vivendo em condições subumanas", recordou o prefeito, cuja própria história se entrelaça com os capítulos mais sombrios do município.
O ponto de virada veio com a tragédia da Vila Socó em 1984, que serviu como alerta brutal. "Aquele dia nos ensinou da forma mais dura que não existe progresso sem pensar nas pessoas", afirmou Nascimento durante o painel que contou com participação internacional.
Transformação ambiental histórica
Os números da mudança em Cubatão impressionam:
- Redução de 98% dos poluentes que chegavam a 80 mil toneladas por dia
- Recuperação de 3 milhões de m² de manguezais
- Reflorestamento e controle industrial rigoroso
- Retirada de 5.300 famílias de áreas de risco
- Recuperação de mais de 1 milhão de m² de Mata Atlântica
Em 2025, o esforço foi reconhecido internacionalmente com o selo Cidade Verde do Mundo, concedido pela FAO/Arbor Day Foundation, colocando Cubatão em um seleto grupo de pouco mais de 200 cidades globalmente reconhecidas por suas práticas ambientais.
Inovação e justiça climática
O município não parou na recuperação ambiental. Cubatão agora mira o futuro com projetos ambiciosos:
O polo industrial já investe em diesel 100% renovável e querosene verde, com ambição de se tornar centro de produção de hidrogênio verde. No campo social, destaca-se um dos maiores projetos de urbanização socioambiental da América Latina.
"O que fizemos pela Mata Atlântica e pelos manguezais merece a mesma atenção e o mesmo nível de investimento global. É um pleito por justiça climática", defendeu Nascimento, explicando a pauta levada por Cubatão à COP30.
Entre as iniciativas inovadoras está o conjunto de casas flutuantes na Vila dos Pescadores para famílias removidas de palafitas, mostrando que soluções criativas podem unir sustentabilidade e justiça social.
A comitiva cubatense, que inclui a vice-prefeita e secretária de Habitação Andrea Castro e os secretários Cleiton Jordão Santos (Meio Ambiente) e Claudio Barazal (Comunicação), vem fortalecendo conexões estratégicas com governos e instituições internacionais desde o primeiro dia do evento.
"Nossa cidade venceu a etapa da poluição extrema. Hoje, Cubatão é a cidade verde do mundo, a cidade vale da vida", finalizou Nascimento, sintetizando a nova identidade do município que serve de exemplo para o planeta.