COP30 estabelece marco histórico com 120 planos de ação climática
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém, no Pará, alcançou um resultado extraordinário: 190 países se uniram em 120 planos de aceleração das iniciativas climáticas. O acordo, celebrado entre as 195 partes participantes, representa um feito global inédito na luta contra as mudanças climáticas.
Agenda de Ação: um banco global de boas ideias
Segundo Bruna Cerqueira, coordenadora-geral da Agenda de Ação da Presidência da COP30, a criação deste documento organiza pela primeira vez iniciativas que convergem para implementação das decisões da COP. "Pela primeira vez, iniciativas construídas por outros atores como o setor privado ou governos subnacionais foram organizadas em uma espécie de banco de boas ideias globais", explicou Bruna.
A Agenda de Ação foi estruturada em seis eixos principais:
- Energia, indústria e transporte
- Florestas, biodiversidade e oceanos
- Sistemas alimentares e agricultura
- Cidades, infraestrutura e água
- Desenvolvimento humano e social
- Eixo transversal de financiamento, tecnologia e capacitação
Resultados concretos e financiamento ampliado
Os resultados da COP30 já puderam ser observados durante as atividades em Belém. Um exemplo destacado foi a iniciativa global para proteção de terras, um plano de aceleração do compromisso para Florestas e Posse da Terra que já existia anteriormente, mas ganhou nova força.
Foram antecipados US$ 1,7 bilhões e os participantes estabeleceram uma meta adicional de US$ 1,5 a US$ 2 bilhões em novos recursos. Esse compromisso financeiro veio acompanhado de promessas de vários países em melhorar sua gestão de terras.
O Brasil reforçou seu compromisso anunciando novas terras demarcadas durante a COP30, demonstrando na prática seu engajamento com a agenda climática.
Metodologia e próximos passos
As iniciativas receberam diagnósticos baseados em 12 alavancas para efetivação das ações, abrangendo desde regulação territorial até demanda, oferta e aceitação pública. A presidência da COP30 trabalhou a partir do Balanço Global (GST), mecanismo de transparência do Acordo de Paris, para avaliar o progresso nas metas de emissões de gases do efeito estufa.
Bruna Cerqueira avalia que os próximos passos são dar continuidade para que a Agenda de Ação seja fortalecida nas próximas COPs. "A próxima presidência já sinalizou no acordo entre a Turquia e a Austrália que gostaram da estrutura e que querem construir em cima daquilo. O desafio agora é estabilizar o legado", concluiu.
Com os 120 planos construídos, muitos deles já com encaminhamento, a COP30 deixa como legado uma estrutura prática que conecta as negociações formais ao dia a dia das pessoas, acelerando a implementação das ações climáticas em escala global.