O Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma investigação para apurar possíveis irregularidades na construção do novo aterro sanitário de Manaus. O procedimento foi instaurado na segunda-feira, dia 1º, e tem como objetivo verificar denúncias de que a obra avança sem as devidas licenças ambientais, representando risco ao meio ambiente e às comunidades do entorno.
Suspeitas de danos ambientais em área protegida
As investigações do MPF começaram após o órgão receber informações de que o empreendimento estaria avançando sobre uma Área de Preservação Permanente (APP). Segundo as denúncias, a área em questão abriga nascentes, vegetação nativa e o leito do igarapé Matrinxã. Há indícios concretos de aterramento e alterações nesses locais sensíveis do ecossistema local.
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Manaus para obter esclarecimentos sobre os pontos levantados pelo Ministério Público Federal e aguarda um posicionamento oficial. A administração municipal havia anunciado anteriormente que as obras do primeiro aterro sanitário da capital amazonense estão em andamento e que a estrutura deve entrar em operação no ano de 2026.
Impactos na comunidade e riscos à aviação
Moradores da região já sentem os efeitos das intervenções. Eles relatam que, desde o início dos trabalhos, a água extraída de poços artesianos mudou de cor e apresentou alteração no cheiro, levantando fortes suspeitas de contaminação. Famílias também afirmam ter notado um aumento significativo na presença de insetos e animais peçonhentos nas proximidades de suas residências.
Outro ponto que preocupa as autoridades é a localização do aterro. A obra está sendo erguida a poucos quilômetros do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes. Empreendimentos deste tipo normalmente exigem uma distância maior de aeródromos para evitar a atração de aves, que pode comprometer gravemente a segurança das operações de voo.
Falta de transparência e investigação em andamento
O MPF também quer apurar se houve consulta pública ou comunicação adequada à população local sobre o projeto. Até o momento, não há registro de estudos detalhados sobre os impactos ambientais e sociais que a obra pode causar na região.
A abertura do procedimento investigativo atende a uma representação formal feita pelo deputado federal Amom Mandel (Cidadania/AM). O parlamentar apresentou um dossiê técnico que aponta a execução de obras sem o devido licenciamento em área de preservação ambiental.
As primeiras medidas da investigação já foram adotadas pelo MPF e incluem:
- Pedidos de informação aos órgãos públicos responsáveis;
- Realização de visitas técnicas ao local da obra;
- Análise das condições ambientais do terreno.
A apuração seguirá até que o Ministério Público Federal reúna elementos suficientes para definir as próximas providências, que podem variar desde a exigência de correções no projeto até ações judiciais mais severas.