BNDES libera R$ 6 bilhões para reparação do Rio Doce até 2026
BNDES libera R$ 6 bi para reparação do Rio Doce

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) definiu o cronograma para a liberação de recursos destinados à reparação dos danos causados pelo maior desastre socioambiental do Brasil. Até o final de 2026, a instituição financeira vai disponibilizar R$ 6 bilhões de reais por meio do Fundo Rio Doce.

Cronograma de desembolsos e destinação dos recursos

Desse montante total, uma parte significativa de R$ 2 bilhões de reais está programada para ser liberada ainda no exercício de 2025. O dinheiro tem origem na indenização global de R$ 100 bilhões de reais, acordada com a mineradora Samarco, responsável pelo rompimento. Os pagamentos são feitos de forma parcelada ao longo de duas décadas.

Os recursos do fundo são direcionados para três frentes principais de ação para amenizar o sofrimento das comunidades atingidas. A primeira é um programa de transferência de renda voltado para pescadores e agricultores familiares que perderam seu sustento. A segunda frente fortalece a assistência social nos municípios impactados. E a terceira realiza investimentos em infraestrutura e serviços de saúde na região.

Uma tragédia que completa uma década

Os desembolsos ocorrem no contexto do décimo aniversário da tragédia. Em 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, da Samarco, controlada pela Vale e BHP, se rompeu em Mariana, Minas Gerais. Milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração invadiram o rio Doce, soterrando o distrito de Bento Rodrigues e causando um rastro de destruição.

A lama tóxica percorreu mais de 600 quilômetros, afetando dezenas de municípios em Minas Gerais e no Espírito Santo, até atingir o litoral capixaba. O desastre resultou em 19 mortes, destruição completa de comunidades, contaminação da água e um prejuízo ambiental incalculável para a bacia hidrográfica.

Estrutura criada para gestão e futuro das reparações

Do total da indenização de R$ 100 bilhões, R$ 49 bilhões são de responsabilidade da União e estão sendo canalizados para o Fundo Rio Doce, que é gerido pelo BNDES. O presidente do banco, Aloizio Mercadante, destacou que a instituição criou uma área específica para lidar com eventos extremos, que tendem a se tornar mais frequentes com as mudanças climáticas.

"Criamos uma área específica no BNDES para o enfrentamento de eventos extremos, que serão mais comuns com as mudanças climáticas, como aconteceu com o Rio Grande do Sul", afirmou Mercadante. Para dar mais agilidade ao atendimento, o BNDES também montou um escritório em Belo Horizonte. A unidade tem a missão de atender de forma mais direta a população dos 49 municípios dos dois estados atingidos pela lama.

Além das ações sociais e de saúde, está previsto para 2026 o início da execução de projetos ambientais de maior porte, que fazem parte do acordo de reparação. Essas ações visam a recuperação da bacia do rio Doce, um processo que especialistas alertam ser de longo prazo.