
Andar pelas calçadas do Rio virou uma verdadeira prova de equilíbrio e coragem. Não é exagero, juro. A situação, que já era complicada há tempos, parece ter atingido um nível tão crítico que a população simplesmente cansou e decidiu gritar por socorro.
Só na última semana, o canal oficial da Prefeitura para esse tipo de problema, o 1746, registrou um número que choca: mais de sete mil pessoas entraram em contato para reclamar do estado lastimável dos passeios públicos. Sete mil! Isso dá, nas minhas contas de padeiro, quase mil reclamações por dia. Um verdadeiro desabafo coletivo.
Um Convite à Queda (Literalmente)
O problema vai muito além da simples falta de estética urbana. Estamos falando de um perigo real e constante. Idosos, pessoas com mobilidade reduzida, mães com carrinhos de bebê... todos esses grupos estão praticamente confinados. Tentar uma caminhada básica se transforma numa aventura arriscada, com buracos, desníveis traiçoeiros e lajotas soltas que viram verdadeiras armadilhas.
E não para por aí. Tem muito morador reclamando que o problema nem é exatamente da calçada, mas da falta dela. Sim, você leu certo. Em vários cantos da cidade, o que se vê são terrenos baldios invadindo o espaço público, obrigando os pedestres a disputarem um espaço minúsculo – e perigoso – com os carros.
De Quem é a Responsabilidade, Afinal?
Aqui é que a coisa complica, e como. Existe uma certa confusão na cabeça do cidadão comum sobre de quem é o dever de arrumar a calçada. A Prefeitura, por sua vez, joga a responsabilidade direto no colo do proprietário do imóvel. A regra, em tese, é clara: cabe ao dono do terreno ou do prédio manter a calçada em frente à sua propriedade em condições decentes de uso.
Mas e quando o problema é na esquina? Ou em um terreno público? Aí a coisa muda de figura e a incumbência volta para o poder municipal. Essa dança de empurra-empurra é, sem dúvida, um dos maiores combustíveis para a frustração de quem só quer andar em paz.
E Agora, José?
Diante dessa enxurrada de queixas, a pergunta que fica é: o que a Prefeitura pretende fazer? A gente sabe que consertar uma cidade inteira não é trabalho para um dia, mas uma sinalização clara de um plano de ação já seria um alívio para a população.
Enquanto uma solução efetiva não vem, o jeito é continuar reportando os problemas pelo 1746 e torcer para que o seu bairro seja o próximo da lista. Porque uma coisa é certa: calçada boa não é luxo, é direito básico de qualquer cidadão. E no Rio, esse direito está, literalmente, cheio de buracos.