
Imagine acordar e descobrir que não pode sair de casa. Nem para comprar pão fresco, muito menos para buscar remédios na farmácia. Foi exatamente essa a realidade que pegou todos de surpresa no Jardim Flórida, em Álvares Machado.
Uma obra que prometia melhorias — com orçamento milionário, diga-se de passagem — transformou a rotina dos moradores num verdadeiro pesadelo. Dois dias inteiros. Quarenta e oito horas de completo isolamento.
O Desespero Concreto
"A gente virou refém dentro da própria casa", desabafa um morador que preferiu não se identificar. O medo, claro, era real. E se acontecesse uma emergência médica? Como faríamos?
A situação chegou a tal ponto que até mesmo o simples ato de estacionar virou um quebra-cabeça sem solução. Os veículos, presos. As pessoas, mais ainda.
R$ 1 Milhão em Meio ao Caos
A prefeitura, através da Secretaria de Obras, justifica: trata-se de uma obra de drenagem profunda. Algo necessário, sem dúvida. Mas será que ninguém parou para pensar nos moradores?
Obras públicas são assim mesmo — sempre pegam alguém desprevenido. Só que desta vez o preço foi a liberdade de ir e vir de dezenas de famílias.
O Outro Lado da Moeda
Procurada, a administração municipal garante que os trabalhos seguem cronograma. A promessa é de que tudo ficará pronto até novembro. Resta saber: a quem realmente beneficia uma obra que causa tanto transtorno?
Enquanto isso, a pergunta que não quer calar: será que não dava para avisar com mais antecedência? Ou pelo menos criar rotas alternativas?
O jeito foi se virar nos trinta. Vizinhos se ajudando, compartilhando o que tinham. Uma solidariedade forçada pelas circunstâncias, mas genuína.