Macacos-prego invadem casas em SC: prejuízos e desespero há mais de 1 ano
Macacos invadem casas em SC e causam prejuízos

Há mais de um ano, os moradores do bairro Ubatuba, em São Francisco do Sul, no Norte de Santa Catarina, vivem uma situação de tensão e prejuízo constante. A comunidade enfrenta invasões recorrentes de macacos-prego dentro de suas residências, um problema que, segundo os relatos, só tem piorado com o tempo.

Invasões e destruição dentro das casas

Os animais, em busca de comida, não hesitam em forçar a entrada nas moradias. Eles quebram telhados, abrem geladeiras e armários, espalhando e destruindo tudo o que encontram pela frente. O resultado vai muito além da bagunça: os moradores acumulam prejuízos materiais com a necessidade constante de reparos em telhas, telas e cadeados.

Além dos estragos, há um problema grave de contaminação. Os alimentos precisam ser descartados porque os macacos os jogam no chão e chegam a urinar e defecar sobre os produtos. A sensação de insegurança é tamanha que algumas famílias, como a da moradora Maristela Kempfer, precisaram colocar cadeados em geladeiras e armários e, em muitos momentos, se veem trancadas dentro de casa com medo dos animais.

Desespero dos moradores e falta de resposta

O sentimento que prevalece entre os residentes é o de desamparo. Maristela conta que procurou ajuda no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas foi orientada a buscar a Secretaria de Meio Ambiente do município. Ela protocolou o pedido, mas afirma que nunca obteve resposta. “É desesperador. A gente já não sabe mais o que fazer”, desabafa.

Outra moradora, Marli Assunção, relata que os macacos perderam completamente o medo das pessoas. “Antes eles fugiam quando viam alguém. Agora, além de não fugirem, começaram a avançar”, diz. Ela já perdeu uma compra de supermercado inteira por causa da ação dos animais. A paciência e a capacidade financeira de lidar com os prejuízos têm limites: alguns inquilinos já deixaram as casas por não conseguirem arcar com os custos dos constantes reparos.

Causa do problema e alerta para o verão

Os moradores acreditam que o aumento das invasões está diretamente ligado ao desmatamento de áreas próximas para a criação de novos loteamentos. A redução das árvores frutíferas, parte do habitat natural dos animais, os deixa sem fonte de alimento e os empurra para as áreas urbanas.

A Prefeitura de São Francisco do Sul, em nota, reconheceu essa relação. O município informou que está ciente da situação, que está relacionada à redução do habitat natural e à menor oferta de alimento, e que mantém ações de monitoramento da fauna. A administração municipal reforçou que a população não deve alimentar, molestar ou tentar domesticar os animais, lembrando que maus-tratos a espécies silvestres configuram crime ambiental.

Com a temporada de verão se aproximando, um novo temor surge entre os moradores: que os turistas, movidos pela curiosidade ou pena, acabem alimentando os macacos-prego. Essa prática, alertam, pode agravar ainda mais o problema, atraindo um número maior de animais e tornando as invasões mais frequentes e ousadas. “A gente fica com dó, os bichinhos têm fome, mas eles acabam com tudo na casa”, comenta Marli, sintetizando o dilema entre a compaixão pela fauna e a defesa do próprio lar.

Características do macaco-prego:

  • Também conhecido como caí ou mico.
  • Pesa em média até quatro quilos.
  • É extremamente habilidoso, usando pedras e gravetos como ferramentas para abrir frutos e capturar insetos.
  • Excelente escalador, pode saltar até três metros de distância.
  • É um animal típico da Mata Atlântica brasileira.

A prefeitura orienta que, ao encontrar animais silvestres feridos, doentes ou fora do habitat, a população deve contatar o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) via WhatsApp, no número (48) 98808-3372.