Dez Jacutingas Resgatadas da Extinção Ganham Liberdade na Mata Atlântica de São José dos Campos
Dez jacutingas salvas da extinção são soltas na Mata Atlântica

Imagine ouvir, no silêncio profundo da mata, o canto característico de uma ave que quase desapareceu para sempre. Pois essa sinfonia da natureza acaba de ganhar novos maestros. Nesta terça-feira (20), a Serra da Mantiqueira, em São José dos Campos, foi palco de um evento que é pura poesia em movimento: a soltura de dez lindas jacutingas (Aburria jacutinga), um daqueles bichos que a gente só via em livro didático antigo.

E olha, não foi um passeio no parque. O processo foi minucioso, quase uma operação secreta para proteger essas celebridades aladas. As aves, criadas com todo o cuidado no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, passaram por uma quarentena rigorosa e depois por um período de aclimatação em um recinto especial aqui mesmo na mata paulista. A ideia era garantir que elas estivessem prontas, espertas e, claro, com o GPS interno funcionando perfeitamente.

Um Plano Ousado Para Salvar uma Espécie

O que me impressiona, pra ser sincero, é a complexidade por trás de um momento que parece tão simples – abrir uma porta e ver um bicho voar. A jacutinga sumiu de boa parte do Sudeste brasileiro, vítima da caça predatória e da destruição do seu lar. Dizem os especialistas que ela é uma "espécie-chave". Traduzindo: sem ela, a floresta fica doente. São essas aves que espalham sementes por aí, plantando árvores novas sem nem saber.

O plano de reintrodução é um trabalho de formiguinha (ou melhor, de jacutinga). Começou em 2013, soltando os primeiros grupos, e desde então mais de 80 aves já ganharam asas novamente na região. A meta é ambiciosa: estabelecer uma população estável e, quem sabe, um dia riscar o nome desse pássaro incrível da lista dos que estão por um fio.

Não é Só Soltar e Torcer

Aqui vai um detalhe que muita gente não pensa: a missão não termina quando a gaiola se abre. Cada uma dessas jacutingas recebeu uma coleira transmissora – uma mochilinha high-tech que permite aos pesquisadores monitorar cada movimento, cada voo, cada árvore que elas escolhem para dormir. É assim que eles descobrem se os bichos estão se adaptando, se encontrando comida e, o mais importante, se evitando os perigos que quase os aniquilaram no passado.

É um investimento de tempo, suor e recursos que vale cada centavo. Parcerias assim, entre institutos de pesquisa e ONGs, mostram que quando a gente une forças, o resultado pode ser espetacular. A natureza agradece, e as futuras gerações vão poder conhecer não só a jacutinga, mas toda a riqueza de um ecossistema que funciona em harmonia.

Enquanto isso, nas matas de São José, dez novas moradoras começam a explorar seu novo mundo. E que venham muitas outras.