
Era uma tarde comum no Setor Morada do Sol, em Palmas, quando os moradores de uma residência se depararam com uma cena inusitada — uma majestosa arara-canindé, com suas penas azuis e amarelas desbotadas pelo sofrimento, havia buscado refúgio no quintal. O animal, claramente debilitado, arrastava uma asa lesionada enquanto tentava, em vão, encontrar alguma fonte de alimento.
Quatro dias. Esse foi o tempo que a arara macho passou sem se alimentar adequadamente antes do resgate. Quatro longos dias de fome, dor e vulnerabilidade. Quem poderia imaginar que uma criatura tão icônica da nossa fauna chegaria a tal estado de fragilidade?
O socorro que mudou tudo
Os proprietários da casa, sensibilizados com a situação, não hesitaram em acionar a Agência de Defesa Agropecuária (Adema) no último sábado. E olha, foi uma decisão que fez toda a diferença entre a vida e a morte. O técnico da Adema, Edvan Dantas, chegou rapidamente ao local e encontrou a ave em estado lastimável — desidratada, fraca e com uma lesão aparente na asa direita.
"A arara estava visivelmente debilitada", contou Edvan, com aquela voz de quem já viu muitas cenas tristes, mas não perdeu a esperança. "A asa direita apresentava uma lesão, e ela não conseguia voar. O mais preocupante era a desidratação e a fome — quatro dias sem comer é uma eternidade para um animal nessas condições."
Uma jornada de recuperação
Após o resgate, a arara foi transportada para o Hospital Veterinário da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Lá, ela recebeu os primeiros socorros e começou um tratamento intensivo. Os veterinários trabalharam na reidratação e nutrição do animal, enquanto avaliavam a extensão da lesão na asa.
E sabe o que é mais curioso? Apesar de todo o sofrimento, a arara demonstrava uma resistência impressionante. Esses bichos têm uma força interior que às vezes nos surpreende — uma verdadeira lição de superação.
O caso dessa arara não é isolado. Com o avanço urbano sobre áreas naturais, encontros como esse se tornam cada vez mais frequentes. E aí me pergunto: estamos preparados para lidar com essa convivência forçada? A natureza insiste em nos lembrar sua presença, mesmo nos lugares mais urbanizados.
O que fazer ao encontrar animais silvestres?
- Mantenha distância segura — não tente capturar ou alimentar o animal
- Acione imediatamente os órgãos competentes como Adema, Corpo de Bombeiros ou polícia ambiental
- Evite barulho e aglomerações ao redor do animal
- Nunca tente medicar ou tratar o animal por conta própria
Enquanto isso, nossa arara azul continua sua recuperação no hospital veterinário. Os profissionais acompanham de perto sua evolução, torcendo para que em breve ela possa retornar aos céus de Palmas — porque, convenhamos, a cidade fica mais colorida quando essas aves sobrevoam nossas cabeças.
Esse resgate nos lembra algo fundamental: a vida selvagem persiste, resiste e merece nosso respeito. E às vezes, basta um quintal generoso e uma ligação telefônica oportuna para escrever um final feliz.