13 novas espécies de aves marinhas são registradas no litoral de São Paulo
13 novas aves marinhas são descobertas no litoral paulista

Uma revisão científica abrangente trouxe uma notícia importante para a biodiversidade brasileira: o litoral do estado de São Paulo agora conta com 13 novas espécies de aves marinhas oficialmente registradas. A pesquisa, a mais completa já realizada sobre o grupo no Sudeste do país, atualiza significativamente o mapeamento da vida oceânica na região.

O estudo que revelou novas espécies

O levantamento foi publicado na revista científica Papéis Avulsos de Zoologia, da USP, e integra a dissertação de mestrado de Robson Silva e Silva, orientada por Edison Barbieri, do Instituto de Pesca (SAA/SP), em colaboração com o pesquisador Fábio Olmos. A metodologia foi robusta, reunindo dados acumulados por mais de um século de observações.

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores cruzaram informações de diversas fontes. Foram analisadas coleções ornitológicas nacionais e internacionais, bancos de dados de anilhamento de aves, revisões taxonômicas recentes e, de forma inovadora, registros de plataformas de ciência cidadã, como o WikiAves e o eBird. Dados inéditos do Programa de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), conduzido pelo IBAMA e PETROBRAS, também foram fundamentais.

Quem são as novas moradoras das águas paulistas?

Com a inclusão das 13 novas espécies, o total de aves marinhas registradas no litoral paulista salta para 68. Desse total, 18 são residentes e se reproduzem no Brasil, enquanto as outras 50 são espécies migratórias, provenientes tanto do Hemisfério Norte quanto do Sul.

Entre as descobertas mais notáveis estão aves oceânicas raras e com poucos registros no país. A lista inclui:

  • Calcamar (Pelagodroma marina): Encontrado nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico.
  • Gaivota-de-sabine (Xema sabini): Pequena gaivota do Ártico que se aproxima dos trópicos no inverno.
  • Trinta-réis-negro (Chlidonias niger)
  • Rabo-de-palha-de-bico-vermelho (Phaethon aethereus): Pode atingir 44 km/h em voo sobre o mar.
  • Atobá-de-pés-vermelhos (Sula sula): Estritamente marinho e de hábitos pelágicos.

O pesquisador Edison Barbieri destaca que esses novos registros revelam a complexidade do litoral paulista. "As espécies recém-identificadas mostram que nossas águas são usadas tanto por aves residentes quanto por migrantes que cruzam grandes distâncias no oceano", explica. A presença de espécies subantárticas, como o petrel-gigante-do-sul, e de migrantes do Ártico chama a atenção e ajuda a traçar um panorama mais claro das rotas migratórias no Atlântico Sul.

Importância para a ciência e a conservação

As descobertas vão muito além do acréscimo de nomes em uma lista. O litoral de São Paulo é uma área vital de alimentação e descanso para aves que percorrem rotas oceânicas extensas. Alarmantemente, 35% das espécies agora registradas no estado figuram em listas de ameaça em níveis global, nacional ou estadual.

Barbieri ressalta o valor prático do estudo: "Essas informações atualizadas ajudam instituições a definir áreas prioritárias, revisar planos de manejo e aprimorar protocolos de acompanhamento de fauna. São bases fundamentais para pesquisas sobre distribuição, ecologia e rotas migratórias".

O trabalho também evidencia o papel crucial da sociedade no avanço do conhecimento científico. Registros fotográficos feitos por observadores de aves independentes foram essenciais para confirmar a presença de algumas das novas espécies. "Plataformas como eBird e WikiAves já contribuíram muito para esta revisão. A participação da população continua sendo valiosa", conclui o pesquisador, incentivando a prática da observação responsável.