Japão aprova retomada da maior usina nuclear do mundo após Fukushima
Japão aprova retomada de maior usina nuclear mundial

O Japão deu um passo histórico na sexta-feira (21) ao aprovar a retomada parcial das operações da maior usina nuclear do mundo, a Kashiwazaki-Kariwa, que pode voltar a gerar energia pela primeira vez desde o desastre de Fukushima em 2011.

Decisão histórica para a energia nuclear japonesa

Hideyo Hanazumi, governador da província de Niigata, onde está localizada a usina, confirmou em coletiva de imprensa seu apoio à retomada. A decisão ainda precisa da autorização final do órgão regulador nuclear do Japão para se concretizar.

Com sete reatores, a Kashiwazaki-Kariwa detém o título de maior usina nuclear geradora de energia elétrica do mundo, tanto por capacidade instalada quanto por produção energética. As operações foram suspensas após o terremoto e tsunami de 2011 que causaram o derretimento de três reatores em Fukushima.

Medidas de segurança reforçadas

A usina, controlada pela mesma empresa que operava Fukushima, a Tokyo Electric Power Co (Tepco), implementou significativos upgrades de segurança. A enorme instalação de 400 hectares agora conta com uma parede de 15 metros para proteção contra tsunamis, novos sistemas de energia de reserva em terrenos mais elevados e outras medidas preventivas.

O incidente de 2011, que matou aproximadamente 18.000 pessoas, levou o Japão a interromper temporariamente a geração de energia nuclear. No entanto, o país insular com recursos naturais limitados planeja revitalizar seu programa nuclear para reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

Objetivos energéticos e climáticos

O Japão, quinto maior emissor de dióxido de carbono do mundo, depende fortemente da importação de combustíveis fósseis, com um custo diário de cerca de 500 milhões de dólares. Quase 70% das necessidades energéticas do país em 2023 foram supridas por usinas termelétricas movidas a carvão, gás e petróleo.

De acordo com Yoko Mulholland, do think tank climático E3G, a primeira-ministra Sanae Takaichi, que assumiu o poder no mês passado, demonstra maior foco na retomada da energia nuclear do que líderes anteriores. "Takaichi coloca a expansão da capacidade de energia nuclear e a autossuficiência em um lugar mais central na política energética", afirmou.

O governo japonês estabeleceu metas ambiciosas: a energia nuclear deverá representar cerca de 20% do fornecimento energético até 2040, um aumento significativo em relação aos 8,5% registrados em 2023/24. Paralelamente, as energias renováveis devem se tornar a principal fonte de energia do país até o mesmo período.

Desde a paralisação pós-Fukushima, 14 reatores de outras empresas, principalmente nas regiões oeste e sul do Japão, já retomaram suas operações sob rigorosos padrões de segurança. A retomada da Kashiwazaki-Kariwa marcará o primeiro retorno da Tepco à geração nuclear desde o desastre de 2011.