China e EUA: Maiores Poluidores em Rotas Opostas na Transição Energética
China e EUA: rotas opostas na transição energética

As duas maiores economias do mundo ocupam também a liderança em um ranking preocupante: China e Estados Unidos são os maiores poluidores do planeta, responsáveis por quase metade de todas as emissões de gases causadores do efeito estufa.

O que chama ainda mais atenção é que essas potências globais têm adotado posturas completamente opostas diante do desafio climático. Enquanto a China investe massivamente em tecnologia verde para sua transição energética, os Estados Unidos ampliaram a exploração de petróleo e ficaram de fora das discussões da COP30, realizada em Belém.

Duas Décadas de Disputa Geopolítica

Lucas Corrêa, professor da Universidade Estadual de Santa Catarina e autor de tese de doutorado sobre a corrida pelas tecnologias de energia verde, traça o histórico desta disputa entre Pequim e Washington durante vinte anos. Em entrevista ao podcast O Assunto, apresentado por Victor Boyadjian, o especialista detalha como a transição energética é pensada como instrumento de desenvolvimento econômico pelo governo chinês.

Enquanto os EUA saíram do Acordo de Paris e continuam incentivando a exploração de combustíveis fósseis, a China constrói uma estratégia de longo prazo que já mostra resultados concretos no mercado global.

Estratégia Chinesa: Investimentos e Expansão Global

O professor Lucas Corrêa explica os diferentes tipos de tecnologia nos quais os chineses estão investindo pesadamente. Um dos exemplos mais impressionantes é a chamada Grande Muralha Solar da China, que não apenas produz energia limpa, mas também ajuda a combater a desertificação.

Imagens de satélite de 30 de dezembro de 2024 mostram a expansão de painéis solares transformando o deserto de Kubuqi, na Mongólia Interior, região autônoma da China. O projeto demonstra o compromisso chinês com energias renováveis em larga escala.

No Brasil, os investimentos chineses em energia limpa, carros elétricos e mineração alcançam a impressionante cifra de R$ 27 bilhões. A estratégia de expansão comercial tem sido particularmente bem-sucedida no setor automotivo: hoje, 8 em cada 10 carros elétricos vendidos no Brasil são de marcas chinesas.

Consequências Geopolíticas da Divisão

As consequências geopolíticas dessas estratégias divergentes são profundas e de longo alcance. Enquanto a China consolida sua liderança em tecnologias verdes e amplia sua influência em países em desenvolvimento, os Estados Unidos parecem renunciar a esta corrida tecnológica.

O professor Lucas Corrêa conclui que esta divisão não apenas afeta a competitividade econômica das duas nações, mas também tem impacto direto na vida do planeta e no futuro das próximas gerações.

A postura norte-americana de ampliar a exploração de petróleo e se ausentar de fóruns internacionais como a COP30 contrasta radicalmente com a abordagem chinesa, que enxerga na transição energética uma oportunidade de desenvolvimento e influência global.