Aneel aprova plano para controlar excedente de energia renovável no Brasil
Aneel aprova controle de excedente de energia renovável

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou nesta terça-feira (18) um plano emergencial do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para gerenciar o excesso de produção de energia renovável no país. A medida representa uma resposta ao crescimento descontrolado da geração eólica e solar que tem ameaçado a estabilidade do sistema elétrico brasileiro.

Problema do excesso: quando energia demais se torna risco

O Brasil enfrenta atualmente um desafio incomum: produzir energia renovável em quantidade superior às necessidades de consumo. Embora pareça positivo, este excedente tem criado complicações técnicas para a operação do sistema elétrico nacional.

O fenômeno é particularmente evidente no Nordeste, onde parques eólicos e solares têm gerado energia além da capacidade de absorção do sistema. O ONS tem precisado solicitar o desligamento de usinas diariamente para manter o equilíbrio operacional.

Dois momentos foram especialmente críticos para os operadores do sistema: 4 de maio e 10 de agosto. Nessas datas, identificou-se que o alto percentual de micro e minigeração distribuída no Sistema Interligado Nacional poderia comprometer o controle de frequência e tensão, elementos essenciais para a segurança energética do país.

Como funcionará o novo mecanismo de controle

O plano emergencial aprovado pela Aneel estabelece que o ONS poderá determinar cortes na geração quando detectar riscos à segurança operacional. As distribuidoras terão um prazo de 20 dias para definir os procedimentos que seguirão ao receber esses comandos.

O processo de alerta funcionará com antecedência de 7 a 2 dias, período no qual o ONS notificará as distribuidoras sobre a possibilidade de acionamento do plano. Caberá então a essas empresas comunicar as usinas Tipo III em suas áreas de concessão sobre a iminência de restrições.

As usinas Tipo III incluem pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e usinas a biomassa que estão conectadas diretamente às redes das distribuidoras, não sendo despachadas centralizadamente pelo ONS.

Distribuidoras prioritárias e monitoramento

O foco inicial do plano recairá sobre doze distribuidoras que concentram aproximadamente 80% da capacidade instalada de usinas Tipo III no país. A lista inclui:

  • CPFL Paulista
  • Cemig D
  • Energisa MT
  • Copel D
  • Elektro
  • Celesc
  • Equatorial GO
  • Energisa MS
  • Coelba
  • RGE
  • EDP ES
  • Neoenergia PE

O plano prevê que outras distribuidoras possam ser incluídas em uma segunda fase de implementação. Além disso, o ONS deverá apresentar um relatório técnico à Aneel em até 30 dias após cada acionamento do plano emergencial, detalhando a situação enfrentada e os resultados obtidos com as medidas.

Esta decisão ocorre no contexto do debate sobre a transição energética no Brasil, onde o vice-presidente Geraldo Alckmin defende triplicar a energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030, como estratégia para reduzir a dependência de combustíveis fósseis.