Spiridon II: Navio com 3 mil vacas retorna ao Uruguai após crise
Navio com 3 mil vacas retorna após crise internacional

Navio com quase 3 mil vacas enfrenta crise humanitária em alto-mar

O navio Spiridon II, que transporta quase três mil vacas em situação extremamente debilitada, finalmente deixou a costa da Turquia e iniciou sua viagem de retorno ao Uruguai. A embarcação tornou-se centro de uma crise internacional envolvendo o transporte marítimo de animais vivos.

De acordo com informações da plataforma Marine Traffic, o cargueiro já se aproxima da região costeira da Líbia, no norte da África, em sua jornada de volta à América do Sul. A expectativa é que o Spiridon II retorne a Montevidéu por volta de 14 de dezembro.

Trajetória problemática e recusa turca

A viagem começou em Montevidéu, de onde o cargueiro partiu rumo ao porto de Bandirma, na Turquia. Porém, ao chegar ao destino, as autoridades turcas recusaram o desembarque do gado, alegando problemas na documentação de identificação dos animais.

A recusa gerou semanas de espera em alto-mar, conforme relatou a Animal Welfare Foundation. A situação levou a ONG a pedir urgentemente que países europeus acolhessem as vacas para evitar um cenário ainda mais grave.

Em meio à repercussão internacional, o Spiridon II recebeu autorização apenas para abastecer-se com ração e material de cama, medidas consideradas insuficientes para resolver a situação de fundo.

Consequências graves para os animais

A maior parte do rebanho é formada por novilhas prenhes, tornando a situação ainda mais crítica. A Animal Welfare Foundation calcula que pelo menos 58 animais morreram durante o período de espera no mar.

A equipe da organização alerta que a longa viagem e a permanência a bordo deixaram o gado debilitado, sem garantia real de alimentação adequada ou acesso contínuo à água. A situação já fez com que o Spiridon II fosse chamado de "navio da morte" por organizações de proteção animal.

Para a Animal Welfare Foundation, o caso simboliza as falhas estruturais do transporte marítimo de animais vivos. Maria Boada Saña, gerente de projetos da organização, afirmou que episódios desse tipo continuarão ocorrendo enquanto esse modelo de exportação for permitido por lei.

O Spiridon II percorre o oceano há mais de dois meses com animais doentes, mortos e sem condições mínimas de bem-estar. Sem porto para atracar, o caso pressiona autoridades europeias a agir e rever as regras do transporte marítimo de animais vivos.