Um intenso temporal atingiu a capital do Acre no último sábado (6), registrando um volume de chuvas que surpreendeu até os órgãos de monitoramento. De acordo com a Defesa Civil Municipal, quase 80 milímetros de precipitação foram acumulados em um período de 24 horas, com um pico significativo em apenas três horas.
Volume surpreendente e impacto imediato no rio
O volume de 79,8 mm registrado nas últimas 24 horas equivale a oito vezes a média diária esperada para o mês de dezembro. Esse fenômeno fez com que, somente nos seis primeiros dias do mês, a capital acreana acumulasse aproximadamente 100 mm, o que representa 37% de toda a chuva prevista para dezembro, estimada em 268,4 mm.
A resposta do Rio Acre foi rápida e expressiva. O manancial subiu 2,28 metros, atingindo a marca de 8,03 metros na manhã de domingo (7). A elevação é atribuída não apenas à chuva na capital, mas também aos grandes acumulados na bacia hidrográfica e nos municípios localizados a montante de Rio Branco.
La Niña e a previsão para o restante do mês
O tenente-coronel Cláudio Falcão, coordenador da Defesa Civil municipal, atribui o comportamento climático atípico ao fenômeno La Niña. Caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, ele altera o regime de chuvas na região. "Esse início de dezembro mostra que o volume de chuva está bem acima do que observamos normalmente", explicou Falcão.
Se o ritmo atual se mantiver, a média histórica de chuvas para dezembro deve ser alcançada por volta do dia 18, deixando o restante do mês com tendência de volumes acima do esperado. O cenário contrasta com novembro, que terminou com apenas um terço da chuva prevista, registrando 71,2 mm contra uma média histórica de 206,1 mm.
Alerta para possíveis inundações
Com a previsão de mais precipitações para os próximos dias, a Defesa Civil emitiu um alerta. O órgão monitora de perto a possibilidade de o Rio Acre atingir a cota de atenção, estabelecida em 10 metros, nível que aciona os primeiros protocolos de preparação para risco de inundação na capital.
Falcão adiantou que, com o aumento do nível em afluentes como o Riozinho do Rola e em cidades como Capixaba e Xapuri, mais água deve convergir para Rio Branco, elevando ainda mais o rio principal. O coordenador não descarta a possibilidade de, em um cenário futuro, o manancial alcançar cotas críticas entre 15 e 16 metros, o que poderia afetar até 42 bairros.
Os órgãos de monitoramento já se preparam para a reunião "pré-cheia", onde será elaborado um prognóstico detalhado sobre o comportamento do Rio Acre na transição entre 2025 e 2026. A experiência mostra que quando o rio encerra o ano em nível elevado, a enchente do ano seguinte tende a ser, ao menos, de média intensidade.