Calor de 40°C desafia participantes da COP30 em Belém
Calor de 40°C desafia delegados da COP30 em Belém

Os participantes da COP30 que chegaram a Belém estão enfrentando um desafio climático imediato: temperaturas que chegam a 35 graus Celsius com sensação térmica de 40°C. O contraste é especialmente marcante para delegados provenientes de países com clima frio, como China e Ucrânia, que deixaram temperaturas próximas de zero grau para encontrar o calor intenso da capital paraense.

Adaptação ao clima amazônico

Igor Onopchuk, ucraniano vice-diretor do Centro Nacional de Inventário de Gases de Efeito Estufa, relatou sua experiência com o choque térmico. "Estarei aqui por duas semanas, então trouxe coisas que servem para este clima", disse ele, que saiu de um país com temperaturas abaixo de 10°C e chegou a Belém com 33°C.

O consultor australiano em agricultura Bryan Lindsey também destacou a necessidade de adaptação. "Vou adaptar o que eu trouxe na mala. Temos que ser profissionais, mas estar confortáveis", afirmou, referindo-se à umidade característica da região.

Dress code flexibilizado

Diante das condições climáticas desafiadoras, o secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) flexibilizou o código de vestimenta para a COP30. O uso de terno e gravata foi dispensado, sendo substituído pelo "esporte fino" como traje recomendado.

Sebástian, um dos participantes, testemunhou a dificuldade em manter trajes formais. "É muito quente. Só usei por cinco minutos e não uso mais. Até na zona Azul, que tem ar-condicionado, é muito quente", relatou.

A diversidade cultural ficou evidente nas adaptações vestimentares dos delegados. Mariam, do Iêmen, combinou tênis e hijab, enquanto a peruana Ketty optou por vestido leve e sandálias. John Henry, membro da ONU, investiu em boné e outros acessórios para proteção solar.

Contexto climático local e alertas

Belém apresenta condições climáticas particulares que explicam as altas temperaturas. A cidade é cercada por rios e bacias, o que contribui para a alta umidade. Além disso, as frequentes chuvas e a localização na floresta amazônica, onde as árvores emitem umidade e "transpiram", intensificam a sensação de calor.

O professor de ecologia econômica Jon Erickson, presente na COP, alertou para o aumento constante das temperaturas globais. "Talvez nós devêssemos estar um pouco desconfortáveis porque está ficando cada vez mais difícil! E nós estamos criando um clima que não serve para humanos. Então, é bom ter um lembrete que o mundo está aquecendo e nós estamos aqui para traçar uma nova rota", afirmou.

Dicas práticas para enfrentar o calor

Com o intenso calor e as novas regras de vestimenta, os organizadores sugerem itens essenciais para os participantes:

  • Leque para amenizar o calor durante passeios por Belém
  • Chapéu ou boné para proteção solar
  • Protetor solar
  • Água em garrafas não de vidro (permitidas vazias nos pavilhões)
  • Casaco leve para ambientes com ar-condicionado
  • Guarda-chuva para chuvas rápidas ou como sombrinha

A COP30 começa nesta segunda-feira (10), coincidindo com o início do inverno amazônico, período que se estende até maio caracterizado por chuvas mais frequentes. O verão amazônico, com calor ainda mais intenso e menos chuvas, ocorre entre junho e outubro.

A prefeitura de Belém lançou um serviço de empréstimo de sombrinhas para facilitar a mobilidade dos participantes durante o evento que discute justamente as mudanças climáticas que tornam temperaturas como estas cada vez mais frequentes em todo o planeta.