Verão 2025 em SP: La Niña traz chuva e alívio no calor após seca crítica
Verão em SP será mais chuvoso e menos quente, dizem meteorologistas

O verão de 2025 começa oficialmente às 12h03 deste domingo (21) no estado de São Paulo, trazendo um cenário climático completamente diferente do registrado no ano anterior. Após uma primavera mais seca que o esperado, que deixou os reservatórios da região metropolitana em níveis críticos, a nova estação promete ser mais chuvosa e com temperaturas mais amenas.

Mudança no padrão climático: Adeus ao calor extremo

Os meteorologistas consultados pela reportagem são unânimes em afirmar que os paulistas não devem enfrentar as ondas de calor intensas, acima dos 35°C, que foram frequentes no verão de 2024. A principal razão para essa mudança é a substituição de dois importantes fenômenos que atuam globalmente.

O El Niño, que costuma deixar a região Sudeste mais quente e seca, deu lugar ao La Niña, que provoca efeitos geralmente opostos. Desirée Brandt, meteorologista da Nottus, explica que, sob influência do La Niña, a atmosfera fica mais fria, o que pode atrasar um pouco o início das chuvas mais persistentes na primavera.

Chuva para encher reservatórios, mas com distribuição irregular

Desta vez, porém, o La Niña está favorecendo a atuação de outro sistema típico do verão: a Zona de Convergência do Atlântico Sul (Zcas). Este fenômeno forma um corredor de umidade que vai da Amazônia até o Sudeste, carregado de nuvens e precipitação.

"A Zcas é um fenômeno comum no verão, e em anos de La Niña eles são mais atuantes", afirma Nadiara Pereira, da Climatempo. "Dezembro já está se mostrando com uma característica bem chuvosa. Os modelos estão convergindo para essa condição, com chuva de encher reservatório mesmo", completa.

Guilherme Borges, da FieldPro, faz um alerta sobre a distribuição dessas chuvas. Os modelos indicam que as zonas de convergência podem se posicionar mais ao norte de São Paulo e no sul de Minas Gerais. Enquanto essas regiões e o Vale do Paraíba podem registrar entre 75 mm e 150 mm acima da média mensal, a capital paulista pode ficar com um déficit de cerca de 75 mm abaixo da média ao longo de todo o verão.

A boa notícia é que as áreas onde estão localizados os principais reservatórios que abastecem a Grande São Paulo devem receber chuva acima da média. O Sistema Integrado Metropolitano (SIM) registrava 27% de sua capacidade nesta quinta-feira (18), com os sistemas Cantareira e Alto Tietê – responsáveis por 80% do abastecimento – em 20,7% e 20,4%, respectivamente.

Temperaturas mais baixas e preparação para eventos extremos

Com o céu ficando mais tempo nublado, a previsão é que grande parte da radiação solar seja bloqueada, resultando em temperaturas abaixo da média para a estação. "O verão será ótimo para quem gosta de temperaturas mais amenas, não tão elevadas", avalia Borges. Brandt complementa: "Em vários dias, a sensação será de 'cadê o verão?', porque a falta de sol impede que a temperatura suba".

No último verão, as temperaturas médias na capital ficaram acima do esperado. Em fevereiro, a máxima esperada era 29,3°C, mas chegou a 31,3°C. Em março, a média foi de 29,7°C, contra uma expectativa de 28,4°C.

Diante da previsão de chuvas fortes, que mesmo benéficas podem causar alagamentos em áreas urbanas, a Defesa Civil de São Paulo já iniciou a Operação Chuvas 2025/2026. A ação utiliza o painel de inteligência SP Sempre Alerta, que integra dados meteorológicos em tempo real com inteligência artificial para melhorar a previsão e acelerar a resposta a eventos extremos.

Os outros estados do Sudeste, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, também devem ter verão com chuva acima da média. Já a região Sul do país terá previsão de chuva mais espaçada, o que deve elevar as temperaturas acima do normal.