Manifestantes interditaram BR-230 por 12h em protesto por água
Protesto por água interdita BR-230 em Cajazeiras

BR-230 interditada por protesto por água em Cajazeiras

A BR-230 foi liberada na noite desta quarta-feira (26) após quase 12 horas de interdição total nos dois sentidos, no quilômetro 495, em Cajazeiras. O bloqueio foi causado por uma manifestação de moradores da região que protestavam contra a má distribuição de água do Açude Engenheiro Ávidos, popularmente conhecido como Boqueirão de Piranhas.

Reivindicações dos manifestantes

Os manifestantes alegam que o açude Boqueirão está secando porque o volume de água que sai do reservatório para outras regiões é menor do que o volume que entra através das águas da transposição do Rio São Francisco. Francisco Matias de Oliveira, agricultor local, desabafou: "O pessoal tá sofrendo muito. A gente sem água, tem que o carro pipa vir abastecer, é uma vergonha".

A situação crítica de escassez hídrica afeta diretamente a população que depende do líquido para suas atividades diárias e sustento. O protesto chamou atenção para um problema que persiste há tempos na região semiárida.

Responsabilidades em discussão

Procurada pela reportagem, a Aesa (Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba) afirmou que o açude é federal, portanto toda a gestão, distribuição, cálculos e demais responsabilidades relacionadas a ele ficam a cargo da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

Já a ANA, em nota, disse que "vem desempenhando desde a sua instituição ações de gestão para o enfrentamento de situações de escassez hídrica na Região Semiárida". A agência federal também informou que uma reunião está marcada para esta quinta-feira (27) com diversos órgãos, incluindo a Aesa, para buscar "uma solução em harmonia com o processo democrático e participativo já consagrado há tantos anos".

Posicionamento das autoridades

Conforme a ANA, a transferência de águas durante o período de chuvas, entre os açudes Engenheiro Avidos e São Gonçalo, está prevista em regulamentação e foi objeto de discussão e deliberação na reunião de alocação de água realizada no mesmo município na data de 11 de junho de 2025.

A agência detalhou ainda que o volume anual a ser transferido no ciclo 2025-2026, de 50 hm³, consta do Termo de Alocação de Água vigente, bem como a forma de se operacionalizar essa transferência. Eventuais alterações, tanto de volume transferível quanto de vazão de transferência podem ser solicitadas pela CAAA, preferencialmente após o período de estiagem.

Em contrapartida, Ricardo Ramalho Lins, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piancó-Piranhas-Açu, afirma que o problema foi causado pelo fato de a Aesa não ter solicitado ao Ministério da Integração o aporte da passagem de água para o açude.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou todas as informações sobre a interdição e posterior liberação da rodovia, que é uma das principais vias de transporte da região.