
Parece um daqueles quebra-cabeças que a gente nunca consegue resolver, não é? De um lado, a China instalou mais painéis solares no último ano do que qualquer outro país já fez em sua história inteira. A coisa é tão grande que chega a ser difícil de visualizar. Mas segura aí, porque o outro lado da moeda é assustador.
Enquanto comemora seus feitos verdes, o gigante asiático também deu a largada em um número absurdo de novas usinas movidas a carvão. Só no ano passado, aprovaram mais de 50 GW de capacidade nova dessa fonte suja. Para você ter ideia, é como se colocassem para funcionar duas usinas de grande porte… por semana. Sim, por semana!
Uma Montanha-Russa de Dados
Os números são tão extremos que causam vertigem. A capacidade solar da China aumentou num ritmo de cair o queixo, mas – e sempre tem um 'mas' – a geração real de eletricidade a partir do sol ainda patina. Por quê? Ora, problemas de integração na rede, pura e simplesmente. É tanta energia nova que o sistema não dá conta de distribuir.
E o carvão? Bem, esse não tem problema de integração nenhum. A geração das usinas a carvão subiu mais de 6% no ano passado, puxada por uma demanda de energia que não para de crescer e por… secas. É isso mesmo que você leu. Secas severas reduziram a potência das hidrelétricas, forçando o país a acionar as térmicas a carvão como muleta. A natureza prega peças cruéis.
O Que Isso Tudo Significa?
O resultado dessa gangorra energética é um balde de água fria nas esperanças climáticas globais. As emissões de CO2 da China, que já são as maiores do mundo, deram outro salto. Foi um aumento de pelo menos 5% em 2022, estimam os especialistas. Um passo para frente no solar, dois passos para trás no carvão.
O pior de tudo é que essa contradição chinesa joga uma chave inglesa nos planos de frear o aquecimento global. O país é simplesmente o maior emissor do planeta, então o que eles decidem fazer – ou não fazer – ecoa em todo mundo. O paradoxo é dolorosamente claro: a nação que mais investe em energias renováveis é também a que mais investe em combustíveis fósseis. Como assim?
O futuro, ao que parece, será definido por esse cabo de guerra interno. E, francamente, o resultado ainda está longe de ser uma certeza. O mundo todo está de olho.