O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma proposta ousada durante seu discurso para líderes mundiais nesta sexta-feira (7). Ele defendeu a criação de impostos sobre os mais ricos do planeta e sobre corporações multinacionais para financiar iniciativas de combate às mudanças climáticas.
Financiamento climático precisa do setor privado
Em seu pronunciamento em Belém, no Pará, Lula foi enfático ao afirmar que as exigências de adaptação climática exigirão esforços financeiros ainda maiores. Segundo o presidente, "Sem incluir o capital privado, a conta não fechará".
O mandatário brasileiro apresentou soluções concretas para viabilizar esse financiamento: "Um imposto mínimo sobre corporações multinacionais e a tributação de super ricos podem gerar recursos valiosos para a ação climática".
Mercado de carbono como ferramenta de justiça
Lula também destacou os mercados de carbono como uma fonte potencial de transferência de renda para ajudar no financiamento climático. Ele citou especificamente a coalizão lançada pelo Brasil na COP30 em parceria com União Europeia e China.
Essa iniciativa tem como objetivo unificar os valores cobrados pelo carbono, tornando o processo mais justo. O presidente acredita ser possível construir um novo modelo econômico sem sacrificar a geração de riqueza.
Em suas palavras: "É viável trabalhar por uma transição justa que proporcionem ao Sul Global as oportunidades que lhe foram negadas no passado".
Cobrança pelo cumprimento do Acordo de Paris
O presidente brasileiro fez uma cobrança direta aos signatários do Acordo de Paris, pedindo que cumpram suas promessas, especialmente quanto ao repasse de verbas para os países mais pobres.
Lula lembrou que o acordo se baseia no entendimento de que cada país fará o melhor que estiver ao seu alcance para evitar o aquecimento superior a 1,5°C. No entanto, ele criticou a falta de mecanismos de implementação adequados.
O presidente alertou que a maioria dos recursos são repassados como empréstimos, o que aumenta o endividamento das nações em desenvolvimento. Como alternativa, ele defendeu mecanismos de troca de dívida, nos quais investimentos climáticos podem ser descontados da dívida pública.
Enquanto isso, em demonstração de apoio internacional, o presidente espanhol Pedro Sánchez classificou a liderança do Brasil na COP30 como inspiradora e expressou confiança de que a Europa cumprirá seus compromissos climáticos.