COP 30: Desmontagem inicia após incêndio controlado em 6 minutos
Desmontagem da COP 30 começa em Belém

A Conferência do Clima das Nações Unidas, COP 30, encerrou suas atividades no sábado (22) em Belém, dando início imediato ao processo de desmontagem das estruturas temporárias que abrigaram o evento no Parque da Cidade.

Operação de desmontagem deve se estender por meses

Na mesma noite do encerramento, começou a desmontagem das zonas Azul e Verde, com previsão de durar várias semanas. O governo federal estabeleceu prazos distintos para cada área: a Green Zone deve ser completamente desmontada até 15 de janeiro, enquanto a Blue Zone seguirá em processo até o final de fevereiro de 2026.

Durante o ápice da montagem, até 1.200 pessoas trabalharam diariamente na construção das estruturas. Profissionais vieram de diversos estados brasileiros, incluindo Pará, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, São Paulo e Maranhão, em uma operação complexa que envolveu instalações elétricas, hidráulicas e de climatização.

Teto especial evitou tragédia maior durante incêndio

Um dos elementos que chamou atenção na estrutura foi o teto da Blue Zone, que possuía um revestimento especial confeccionado por artesãs paraenses. Mais de 100 mil metros de tecido elastano tratado contra fogo foram costurados para compor as 64 estruturas modulares do evento.

Esse material mostrou sua eficácia durante o incêndio que atingiu um pavilhão da Blue Zone no dia 20 de novembro. Segundo técnicos, o tratamento antichamas impediu que as chamas se espalhassem rapidamente, contribuindo para que o fogo fosse controlado em apenas seis minutos.

O incidente resultou em 35 pessoas intoxicadas pela fumaça ou com crises de ansiedade, mas não houve feridos graves. A área atingida foi reaberta na mesma noite, demonstrando a eficiência dos protocolos de segurança.

Sustentabilidade em foco: auditoria avaliará todo o evento

A COP 30 passará por uma auditoria completa de sustentabilidade conduzida pela APCER Brasil, empresa contratada pela Secretaria Extraordinária para a COP 30 (Secop). A análise segue normas internacionais rigorosas, incluindo a ISO 20121 para gestão sustentável e a ISO 14068-1 para verificação de neutralidade de carbono.

O auditor Paulo Bertolini explica que a certificação avalia o sistema de gestão de sustentabilidade, não o evento em si. "Podem acontecer problemas ou desvios, mas a organização precisa demonstrar que tem processos para identificar e tratar essas ocorrências", afirma.

O relatório final analisará três pilares fundamentais:

  • Ambiental: resíduos, consumo e impactos
  • Social: condições de trabalho e segurança
  • Econômico: uso dos recursos e viabilidade

A auditoria também medirá as emissões de gases de efeito estufa e avaliará como foram compensadas. O incêndio na Blue Zone será um dos pontos analisados, considerando especialmente como os organizadores reagiram à emergência.

João Uchôa, arquiteto responsável pelo projeto da COP 30 - conhecido por obras como Rock in Rio e Cidade do Samba -, destacou que quase toda a estrutura era alugada, incluindo paredes, pisos, divisórias, climatizadores e cabos. "O desperdício é mínimo porque o material volta para quem montou", explica.

O evento também implementou um sistema temporário de esgoto que pré-tratava os resíduos no local antes de enviá-los à rede municipal, utilizando tecnologia holandesa que remove 50% das impurezas inicialmente.

Enquanto a desmontagem avança, a Polícia Federal conduz investigação separada sobre o incêndio de 20 de novembro, buscando determinar as causas exatas do incidente que poderia ter tido consequências muito mais graves não fosse o planejamento de segurança incorporado à estrutura do evento.