A União Europeia abriu mão da exigência de um roteiro formal para eliminar os combustíveis fósseis durante as negociações da COP30 em Belém, mas mantém sua insistência em incluir ao menos uma referência ao compromisso assumido anteriormente em Dubai. O impasse prolonga as discussões na conferência do clima, que já entrou em tempo adicional.
Três propostas europeias em jogo
Segundo a ministra do Meio Ambiente e Energia de Portugal, Maria da Graça Carvalho, os 27 países da UE apresentaram três alterações cruciais ao documento divulgado pela presidência brasileira da conferência. O primeiro ponto reconhece a insuficiência dos esforços atuais para limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.
O segundo resgata o acordo da COP28 sobre a transição progressiva para longe dos combustíveis fósseis, porém sem mencionar qualquer roteiro detalhado - uma posição que contrasta com a defendida pelo presidente Lula e por mais de 80 países durante a COP30.
O terceiro ponto propõe que a comunidade internacional faça "todos os esforços possíveis" para triplicar o financiamento destinado à adaptação climática dos países emergentes e em desenvolvimento.
Divisão profunda entre blocos
Apesar das concessões europeias, as três propostas enfrentam forte resistência de países que negociam do lado oposto. Após reunião com o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, ficou claro que dificilmente todas as demandas europeias serão incorporadas ao texto final.
Maria da Graça Carvalho afirmou que, se os três itens forem aceitos, o acordo será positivo. Ela também revelou que apenas a União Europeia ainda não aprovou o texto do "Mutirão Global", divulgado pela presidência brasileira pela manhã. Delegações africanas, sul-americanas e de pequenos Estados insulares já haviam sinalizado concordância.
Impasse ameaça resultado da conferência
A COP30 entrou oficialmente em prolongamento na tarde de sexta-feira, 21 de novembro de 2025, após duas semanas de negociações sem resultados concretos. Mais cedo, o comissário europeu para o Clima, Wopke Hoekstra, chegou a admitir que poderia deixar Belém sem acordo.
De um lado do conflito estão União Europeia, Reino Unido, vários países latino-americanos e os pequenos Estados insulares. Do outro, o bloco árabe liderado pela Arábia Saudita, além de Rússia, Índia e China. Estes últimos rejeitam não apenas um roteiro de eliminação dos combustíveis fósseis, mas até a ideia de reduzir emissões de gases de efeito estufa.
A nova proposta da presidência brasileira não menciona qualquer compromisso relacionado ao fim dos combustíveis fósseis, contrariando o discurso de Lula na abertura da conferência e a posição de mais de 80 nações. Mais de trinta países ameaçam bloquear o acordo por falta de um plano "credível" para eliminar os combustíveis fósseis.