COP30 à beira do fracasso: impasse europeus e árabes ameaça acordo
COP30 em risco de colapso por impasse sobre petróleo

A COP30 em Belém enfrenta o risco real de terminar sem um acordo final. As negociações estão paralisadas por um impasse fundamental entre países europeus e nações árabes sobre a inclusão de referências ao fim gradual dos combustíveis fósseis no texto da conferência.

O cerne do conflito

De um lado, países europeus e a Colômbia pressionam fortemente pela inclusão de um "mapa do caminho" que estabeleça a redução progressiva do uso de petróleo, gás e carvão. Do outro, nações árabes e grandes exportadores de petróleo consideram qualquer menção a esse tema uma linha vermelha intransponível.

O comissário do Clima da Comissão Europeia, Wopke Hoekstra, expressou claramente a posição europeia: "Há um enorme imperativo para garantir que a ambição em mitigação esteja plenamente presente. E não está. E isso é um grande problema".

Erros na condução brasileira

Fontes próximas às negociações revelam que o governo brasileiro, que exerce a presidência da COP30, cometeu equívocos estratégicos que complicaram ainda mais as conversas. Um ministro do Meio Ambiente europeu, que preferiu não se identificar, criticou a inclusão de linguagem muito forte sobre petróleo no primeiro rascunho da chamada Decisão de Mutirão.

Dois movimentos específicos do Brasil são apontados como problemáticos:

  • Manter as consultas em grupos restritos em vez de levar o debate para a plenária geral
  • A visita do presidente Lula durante o ápice das negociações, que quebrou o protocolo hierárquico

A intervenção de Lula, onde defendeu novamente a criação de um plano para transição energética, teria irritado especialmente as delegações árabes.

Cenário de colapso

Na noite de sexta-feira, 21 de novembro de 2025, que deveria marcar o encerramento da conferência, os negociadores continuavam trancados na sala de reuniões 22 da Blue Zone. O otimismo que existia na quarta-feira, 19, desapareceu completamente.

Especialistas em mudanças climáticas já começam a usar o termo "Colapso de Belém" para descrever o possível fracasso da conferência. A situação é tão grave que ambientalistas brasileiros e chefes de delegação estrangeiros consideram abertamente a possibilidade de nenhum acordo ser anunciado.

Os europeus mantêm sua ameaça de não aprovar qualquer texto que exclua a menção ao estabelecimento de um plano para redução gradual do uso de combustíveis fósseis. Enquanto isso, os países dependentes de petróleo se recusam a aceitar qualquer citação, mesmo que tênue, ao tema.