Divisão marca negociações climáticas na COP30
As negociações da COP30 em Belém revelam uma profunda divisão entre nações ricas e em desenvolvimento sobre como enfrentar a crise climática. Países desenvolvidos, especialmente europeus, defendem foco prioritário na mitigação, enquanto nações pobres exigem mais financiamento para adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
Posições opostas em Belém
Os países ricos argumentam que reduções ambiciosas nas emissões de gases de efeito estufa são essenciais para conter o aquecimento global. Eles pressionam para que todas as nações se juntem a seus esforços de descarbonização, realizados a alto custo para suas indústrias.
Em contrapartida, Índia e China lideram críticas ao financiamento climático oferecido pelos desenvolvidos. Esses países afirmam que as nações ricas violaram obrigações legais estabelecidas no Acordo de Paris e resistem a aceitar metas de mitigação sem garantias de financiamento adequado para adaptação.
Brasil como mediador na conferência
O Brasil adota posição estratégica de ponte entre os dois blocos, defendendo equilíbrio entre mitigação e adaptação. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, enfatizou que o foco do evento em Belém é adaptação e transição justa.
Em coletiva realizada na segunda-feira, 17 de novembro de 2025, Corrêa do Lago destacou a importância crescente da adaptação como prioridade política e moral para o sucesso da conferência.
Disputa por financiamento divide negociadores
A coalizão de países em desenvolvimento, liderada pela Índia, classificou como "subótima" a meta de 300 bilhões de dólares anuais que nações ricas deveriam transferir para projetos climáticos em regiões pobres.
Os países em desenvolvimento exigem que o financiamento para adaptação seja triplicado até 2030, com referência a 150 bilhões de dólares anuais. Grupos como o Africano, LDCs (países menos desenvolvidos) e Árabe lideram essa reivindicação.
Wopke Hoekstra, comissário de Ação Climática da União Europeia, foi enfático ao defender que o foco deve permanecer na mitigação, embora também apoie financiamento para adaptação nos países em desenvolvimento.
Desacordo sobre parâmetros de adaptação
O impasse central gira em torno dos critérios para implementação do Global Goal on Adaptation. Países em desenvolvimento querem vincular indicadores de adaptação ao suporte internacional, incluindo financiamento e transferência de tecnologia.
Já os países desenvolvidos resistem a essa conexão, temendo assumir novas obrigações financeiras. Além disso, nações pobres receiam que parâmetros rígidos possam comprometer seus orçamentos nacionais.
A COP30 será considerada bem-sucedida na questão da adaptação se conseguir definir indicadores claros e sinalizar que o financiamento continuará sendo discutido nos próximos anos.