COP30: Acordo final exclui mapa do fim dos combustíveis fósseis
COP30: Acordo final sem mapa contra combustíveis fósseis

A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30) encerrou suas atividades neste sábado (22) em Belém com a aprovação dos documentos finais que serão submetidos aos 195 países participantes. O momento foi marcado pela exclusão do chamado "mapa do caminho" para o fim dos combustíveis fósseis dos textos oficiais.

André Corrêa do Lago, presidente da COP30, confirmou em declaração ao site Amazon Vox que o roadmap para abandonar gradualmente os combustíveis fósseis não fará parte do acordo final. "Roadmap vai ser uma iniciativa da presidência brasileira. Não fica no texto", afirmou o diplomata brasileiro nos corredores da Blue Zone.

Detalhes dos documentos aprovados

Os negociadores trabalharam até as 8h da manhã de sábado para finalizar os 17 documentos que serão analisados na plenária final. A sessão decisória, inicialmente marcada para as 10h, foi adiada duas vezes devido às complexas discussões que se estenderam pela madrugada.

O texto principal, batizado de "Mutirão Global: Unindo a humanidade em uma mobilização global contra a mudança do clima", sofreu apenas ajustes formais em relação à versão divulgada na sexta-feira (21). Não há qualquer menção aos combustíveis fósseis, limitando-se a reconhecer que "a transição global para diminuir as emissões dos gases de efeito estufa e o desenvolvimento resiliente ao clima é irreversível e tendência do futuro".

Avances pontuais e críticas

Entre os pontos positivos, o Mutirão incorpora referências sociais inéditas, reconhecendo explicitamente o papel dos povos indígenas, comunidades afrodescendentes, mulheres, jovens e outros grupos vulneráveis na proteção climática. O texto também estabelece a meta de triplicar o financiamento para adaptação até 2035.

No entanto, especialistas apontam falta de ambição no documento final. Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil, criticou a proposta: "Não trata a crise como crise; não traz nem mapa e nem caminho para a transição para longe dos combustíveis fósseis".

Kumi Naidoo, da Iniciativa do Tratado sobre Combustíveis Fósseis, foi ainda mais contundente: "O resultado da COP30 ficou muito aquém do que o mundo precisa neste momento de múltiplas crises. Não podemos nos dar ao luxo de esperar mais um ano".

Compromissos financeiros definidos

Os novos textos trouxeram especificações importantes sobre financiamento. O Fundo de Adaptação terá meta de mobilização de US$ 300 milhões para 2025, com compromissos já firmados totalizando US$ 134,93 milhões.

Já o fundo para Perdas e Danos recebeu promessas equivalentes a US$ 817,01 milhões de países como Islândia, Japão, Letônia, Luxemburgo e Espanha, além do governo da Região Valona da Bélgica.

A COP30 em Belém reuniu mais de 42 mil participantes de 195 países, tornando-se a segunda maior edição da história, atrás apenas da conferência de Dubai. Ficou definido que a Turquia sediará a COP31 em 2026, seguida pela Etiópia em 2027.