Chuva Chegou, Mas Torneira Seca: Bauru Segue no Racionamento de Água — Entenda o Paradoxo
Chuva não basta: Bauru mantém racionamento de água

Parece um daqueles quebra-cabeças que a gente nunca consegue resolver: o céu escurece, a chuva cai — às vezes até com certa generosidade —, mas as torneiras em vários cantos de Bauru continuam secando em horários previsíveis. Sim, o racionamento de água, aquele fantasma que assombra a cidade, segue firme e forte. E a pergunta que não quer calar é: por quê?

O presidente do DAE, Luiz Augusto Rocha Braz, foi direto ao ponto em entrevista coletiva. "A população pode estar se perguntando se a gente perdeu a noção", admitiu, com a franqueza de quem está no olho do furacão. "Mas a verdade é que os nossos principais reservatórios — o Rio Bauru e o aquífero — ainda estão muito longe do que a gente chama de situação confortável."

O Jogo de Espera pelos Reservatórios

É aquela velha história: não basta chover. A água precisa infiltrar no solo, percorrer caminhos subterrâneos e, só então, recarregar os mananciais que abastecem a cidade. E isso, meus amigos, é uma jornada lenta. Demorada. Quase uma epopeia geológica.

"As chuvas são bem-vindas, sem dúvida", explicou Braz, escolhendo as palavras com cuidado. "Mas elas atuam mais como um paliativo, um alívio temporário. Para uma recuperação real, sustentável, precisamos de um volume constante e bem distribuído ao longo de semanas, quiçá meses."

O Mapa do Racionamento

Enquanto a natureza não resolve seu timing, a vida prática segue um calendário impiedoso. O rodízio divide a cidade em dois grupos:

  • Grupo 1: Fica 24 horas sem água, das 18h de uma terça-feira até as 18h de quarta.
  • Grupo 2: Encara o mesmo período de seca, mas começando às 18h da quinta e indo até às 18h da sexta.

Parece simples no papel, mas na rotina de cada casa é uma logística de guerra — encher baldes, potes, programar banhos, adiar a lavagem de roupa. Um verdadeiro quebra-cabeça doméstico.

E Agora, José?

A pergunta de um milhão de dólares: quando isso vai acabar? O presidente do DAE evita dar datas. Prefere ser realista. "Estamos monitorando dia a dia", diz, com um tom que mistura esperança e cautela. "Assim que tivermos a segurança de que os mananciais suportam, seremos os primeiros a suspender o rodízio."

Enquanto isso, a recomendação oficial — e que soa quase como um mantra — é a velha e boa economia. Feche a torneira ao escovar os dentes. Tome banhos mais curtos. Conserte vazamentos. Coisas pequenas que, somadas, fazem uma diferença colossal.

No fim das contas, a lição que fica é dura, mas necessária: a segurança hídrica é um bem frágil. E preservá-la é uma responsabilidade de todos — do poder público, sim, mas também de cada um de nós, no nosso cantinho.