Paixão por paleontologia leva médico a descoberta histórica
Um médico brasileiro transformou seu hobby em uma contribuição significativa para a ciência mundial. Pedro Lucas Porcela Aurelio, nefrologista de 66 anos, encontrou um fóssil que se revelou crucial para compreender a evolução das espécies.
Descoberta acidental com importância científica
Em 2014, durante um de seus trabalhos de campo em Paraíso do Sul, Rio Grande do Sul, Pedro fez uma descoberta que mudaria o entendimento dos cientistas sobre a história evolutiva. O fóssil pertence a um réptil quadrúpede do tamanho aproximado de um cachorro pequeno, datado de 237 milhões de anos atrás.
O animal, cientificamente nomeado Gondwanax paraisensis, representa um elo importante na árvore evolutiva da espécie. Segundo especialistas, esta descoberta preenche uma lacuna significativa no registro fóssil brasileiro.
Do hobby à doação científica
Pedro pratica paleontologia como atividade regular desde 1996, mas sua paixão pelo assunto vai muito além de um simples passatempo. "Eu adotei como parte da minha vida", declarou o médico à Reuters.
O entusiasta doou o material encontrado à Universidade Federal de Santa Maria, onde pesquisadores confirmaram que o fóssil estava em uma pedra do período Triássico, entre 252 e 201 milhões de anos atrás. Esta era marcou o surgimento de dinossauros, mamíferos, crocodilos, tartarugas e sapos.
Rodrigo Temp Muller, paleontólogo responsável pela continuidade das pesquisas, destacou que vários dos fósseis encontrados na região devem-se às contribuições do médico.
Paixão que não conhece limites
Aos 66 anos e ainda atuando como nefrologista, Pedro não planeja abandonar sua paixão pela paleontologia. "Vou continuar fazendo trabalho de campo até o dia em que eu me for. Enquanto eu tiver forças, continuarei", afirmou ele com determinação.
Em uma declaração que revela sua profunda conexão com a paleontologia, Pedro comparou: "Aqui posso esfregar minhas mãos em sedimentos do Triássico. E, sinceramente, prefiro isso a lavar sangue das minhas mãos".
O momento da descoberta foi especialmente emocionante. "Como posso tocar em milhões de anos? Quando o segurei, cheguei a suar de emoção", revelou o médico sobre a experiência única de segurar um fragmento de história tão antiga.
Esta descoberta não apenas enriquece o acervo paleontológico brasileiro, mas também demonstra como paixões pessoais podem contribuir significativamente para o avanço científico, independentemente da profissão principal do descobridor.