Roraima pode abrigar maiores pegadas de dinossauros do mundo
Maiores pegadas de dinossauros podem estar no Brasil

Descoberta histórica na Amazônia brasileira

Pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) anunciaram uma descoberta extraordinária que pode colocar o Brasil no mapa mundial da paleontologia. A região Norte do país pode abrigar algumas das maiores pegadas de dinossauros já identificadas em todo o planeta.

Os cientistas localizaram mais de cem marcas desses animais pré-históricos em uma área no norte do estado de Roraima. A equipe já descreveu os achados em dois artigos científicos que foram submetidos a revistas internacionais e aprovados para publicação.

Pegadas gigantescas e preservação única

De acordo com Vladimir de Souza, um dos responsáveis pela pesquisa, algumas das pegadas chegam a impressionantes 1,5 metro de comprimento. "Pelo tamanho de algumas pegadas, havia dinossauros de grande porte na Amazônia. Talvez haja pegadas maiores do que aquelas que são as maiores do mundo, localizadas na Austrália", afirmou o professor.

Atualmente, o recorde mundial pertence a uma marca de 1,7 metro encontrada em uma formação rochosa na península de Dampier, no noroeste australiano. As descobertas em Roraima têm potencial para superar esse registro.

O processo de conservação dessas pegadas foi favorecido por condições geológicas específicas. "O que ajudou muito no processo de conservação dessas pegadas foi que muitas estão em rochas de arenito, e esse arenito foi depois submetido à cimentação por óxido de ferro", explicou Vladimir. A presença do ferro endureceu as rochas arenosas e protegeu as pegadas de intempéries como chuva e vento ao longo de milhões de anos.

Longa pesquisa e novas descobertas

Os estudos são resultado de pesquisas conduzidas desde 2011, quando possíveis vestígios de pegadas foram observados durante uma viagem de alunos de geologia ao município de Bonfim, a aproximadamente 110 quilômetros de Boa Vista.

As marcas foram identificadas em lajedos - formações rochosas grandes e de superfície plana - que estavam ocultas na mata em uma área conhecida como Formação Serra do Tucano, próxima à bacia do rio Tacutu, vizinha à fronteira com a Guiana.

Em 2012, outro sítio fossilífero foi identificado dentro da reserva indígena Jabuti, a cerca de 50 quilômetros de Boa Vista. Nesse local, os pesquisadores encontraram pegadas que formam ao menos quatro trilhas, uma delas com cerca de 30 metros de comprimento. A UFRR obteve recentemente autorização da Funai para realizar estudos no local.

Apesar da ausência de fósseis junto às pegadas, que impedem a identificação precisa das espécies, a equipe já reconheceu seis morfotipos diferentes e aguarda a confirmação de outros dois.

Para Vladimir, a presença dessas marcas representa o elo que faltava para compreender a fauna pré-histórica no continente americano. "Conseguimos colocar um elo entre dinossauros do hemisfério norte e dinossauros do hemisfério sul", destacou o pesquisador.

Os pesquisadores agora buscam estimular a criação de um parque geológico na região para explorar outros possíveis segredos pré-históricos ainda ocultos na Amazônia. "São muitas pegadas, muitos sítios, muita coisa ainda para ser feita", finalizou Vladimir, indicando que esta é apenas o início de descobertas ainda mais significativas.