Gene DRD4-7R: A explicação genética para quem vive planejando viagens
Gene wanderlust: por que alguns amam viajar mais?

Você já se perguntou por que algumas pessoas parecem ter uma necessidade quase incontrolável de viajar, enquanto outras se contentam em ficar em casa? A resposta pode estar nos seus genes.

O gene que explica nossa sede por aventura

Estudos científicos realizados desde a década de 1990 revelaram que aproximadamente 20% da população mundial carrega uma variação genética específica que os torna mais propensos a buscar constantemente novas experiências e destinos. Conhecido como DRD4-7R, este gene passou a ser chamado popularmente de "gene wanderlust" ou "gene da viagem".

As pesquisas começaram na Universidade da Califórnia e se expandiram para instituições como a Universidade de Kaplan, nos Estados Unidos, e a Universidade Nacional de Singapura, no Sudeste Asiático. Os estudos continuam até os dias atuais, aprofundando nosso entendimento sobre como a genética influencia nosso comportamento.

Como o gene wanderlust funciona no cérebro

De acordo com a teoria desenvolvida pelos pesquisadores, as pessoas que possuem a variação DRD4-7R são menos sensíveis à dopamina, o neurotransmissor conhecido como "hormônio do prazer". Por essa razão, elas precisam buscar experiências mais intensas e emocionantes para liberar quantidades adequadas da substância no cérebro.

"Temos evidências para sugerir que quem tem esse alelo parece estar sempre propenso a desafios", afirmou Richard Paul Ebstein, professor de psicologia da Universidade Nacional de Singapura e um dos principais pesquisadores envolvidos no estudo.

Esta característica genética explicaria por que algumas pessoas estão sempre planejando a próxima viagem, mantendo listas intermináveis de destinos para visitar e experiências para viver - desde se hospedar em um hotel-palácio em Paris até experimentar gafanhotos na Tailândia ou caçar a aurora boreal na Islândia.

Herança dos nossos ancestrais nômades

Os cientistas descobriram que o gene DRD4-7R tem uma conexão fascinante com os padrões de migração populacional da pré-história. A variação genética aparece com mais frequência em pessoas com traços exploradores semelhantes aos dos grupos migratórios do passado.

A bióloga Dawn Maslar, da Universidade de Kaplan, defende esta correlação entre a genética e o comportamento viajante. "Vemos uma proporção maior do gene DRD4-7R em norte e sul-americanos, pelo menos em descendentes de europeus que vieram para a região e por aqui ficaram, o que faz todo sentido se pensarmos em termos de evolução", analisou.

Este impulso de explorar novos lugares seria, em última instância, uma herança de nossos ancestrais nômades que se aventuravam em territórios desconhecidos em busca de melhores condições de vida.

Testes genéticos e outros fatores influenciadores

Atualmente, já existem no mercado testes genéticos que podem indicar com precisão se uma pessoa carrega o "gene da viagem". No entanto, os cientistas ressaltam que o DRD4-7R não é o único determinante para um estilo de vida aventureiro.

Ele é apenas um dos muitos fatores genéticos, comportamentais e ambientais que influenciam a personalidade de uma pessoa. Condição financeira, senso de direção e conhecimento de línguas estrangeiras também impactam significativamente nas escolhas de viagem.

Então, se você é daquelas pessoas que mal termina uma viagem e já começa a planejar a próxima, saiba que a ciência pode ter encontrado uma explicação para esse seu comportamento. Seu desejo insaciável de explorar o mundo pode estar literalmente escrito no seu DNA.