Uma iniciativa inovadora está transformando o que antes era descartado como lixo em fonte de renda para comunidades ribeirinhas do Amapá. O Programa de Aproveitamento de Resíduos de Pescado ensina moradores da região amazônica a criar peças artesanais utilizando escamas e ossos de peixes que antes poluíam os rios locais.
Do rio para as passarelas
Coordenado pela Escola Técnica de Pesca, localizada no distrito do Matapi, em Santana, o programa já está capacitando ribeirinhos para transformar resíduos em produtos com valor comercial. As peças produzidas incluem bolsas, colares, brincos e cintos que começam a ganhar mercado dentro e fora do estado.
A iniciativa faz parte do Plano Estadual de Desenvolvimento Sustentável da Pesca e Aquicultura e foi apresentada pelo governo do Amapá durante a COP30, destacando o compromisso do estado com práticas sustentáveis.
Impacto ambiental e econômico
O projeto tem uma meta ambiciosa: reaproveitar cerca de 20 toneladas de resíduos de pescado que antes eram descartados de forma irregular nos rios da Amazônia. Segundo Vinicius Melo, secretário adjunto de pesca, "esse trabalho integra o programa estratégico do Governo do Amapá e reforça o compromisso do estado com práticas sustentáveis".
Anderson Pantoja, engenheiro de pesca que apresentou o projeto na COP30, explica que o objetivo é desenvolver com sustentabilidade, garantindo a conservação de espécies e melhorando a qualidade de vida das comunidades tradicionais.
Capacitação nas comunidades
A Secretaria de Pesca mapeia as comunidades e define, junto com as equipes, o plano de atividades para cada região. Entre 17 e 28 de novembro, profissionais realizam uma série de capacitações na comunidade do Sucuriju, incluindo uma oficina específica sobre aproveitamento de escamas de Pirarucu.
Nos cursos, os ribeirinhos aprendem todo o processo: desde a seleção e limpeza dos resíduos até a produção das peças finais. A Escola Técnica de Pesca também oferece minicursos e oficinas regulares sobre aproveitamento de resíduos, atendendo cerca de 400 alunos.
Como próximo passo, o governo planeja construir uma unidade de referência em curtimento de couro para fornecer matéria-prima de qualidade às comunidades. A expectativa é que o Amapá se consolide como referência em economia sustentável na região Norte, mostrando que é possível conciliar produção e preservação ambiental.