Arte ancestral representa Amazônia em conferência global
As cuias artesanais produzidas na região do Aritapera, em Santarém, conquistaram espaço de destaque durante a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. As peças foram expostas no estande Casa Santarém Alter do Chão, integrando o Pavilhão Pará Municípios, onde chamaram a atenção de visitantes de todo o mundo.
Saber transmitido por gerações
A técnica de produção das cuias é um conhecimento ancestral preservado há mais de dois séculos pelos povos indígenas da região. Atualmente, esse ofício é mantido principalmente por mulheres artesãs de comunidades ribeirinhas de Santarém, incluindo Cabeça D'Onça, Surubi-Açú e Enseada do Aritapera.
Desde 2015, a arte das cuias é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, representando a história, estética e identidade amazônica através de seus grafismos indígenas.
Processo artesanal e sustentável
As peças são elaboradas através de um minucioso processo que inclui:
- Seleção do fruto maduro da cuieira
- Preparação e modelagem da cuia
- Aplicação de grafismos indígenas
- Tingimento e pintura com materiais naturais
Geciene Azevedo Teixeira, moradora da Comunidade de Cabeça D'Onça e líder da iniciativa comunitária Cuia Santarém, explica a importância desse trabalho: "Aprendi primeiro o grafismo floral e, com o tempo, o grafismo indígena. Hoje, esse trabalho é o sustento da minha família, uma prática que mostra a força feminina, utiliza material natural que não polui e representa nossa cultura, com mil e uma utilidades".
Reconhecimento internacional
Os visitantes do estande da Prefeitura de Santarém puderam admirar e adquirir as peças em exposição. A professora Ana Lúcia Mendonça, de Belém, expressou seu encantamento: "Saber que essas cuias são feitas com tanto cuidado, com técnicas que passam de geração em geração, torna tudo mais especial. É como se cada peça contasse uma história".
O secretário municipal de Turismo de Santarém, Emanuel Júlio Leite, destacou o significado da participação na conferência: "Levar as cuias do Aritapera à COP 30 é mostrar ao mundo que a Amazônia produz arte, renda e preservação. Cada peça carrega o talento das nossas mulheres e a essência da floresta. É um orgulho ver Santarém representando a cultura e o futuro sustentável da Amazônia".
O espaço Casa Santarém Alter do Chão permanece aberto à visitação no Centro de Convenções Centenário, das 14h às 21h, até sexta-feira, apresentando boas práticas de sustentabilidade, exemplos de turismo de base comunitária e ações de valorização da cultura local.