Servidores públicos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foram cercados por policiais militares durante uma reunião de conciliação com posseiros na zona rural de Machadinho D'Oeste, em Rondônia. O incidente ocorreu no último domingo (23) e impediu que os representantes do governo federal deixassem o local por várias horas.
Mediação de conflito interrompida pela PM
De acordo com Gervano Vicente, superintendente do MDA em Rondônia, a reunião havia sido marcada como tentativa de mediação após conflitos violentos na região que resultaram na morte de pelo menos duas pessoas na semana anterior. "A nossa ideia era orientar o pessoal para não ter mais chacina, a mediação de conflito agrário para não ter morte", explicou o representante governamental.
Estavam presentes aproximadamente 100 pessoas em uma associação privada localizada a cerca de oito quilômetros do local onde ocorreram os confrontos anteriores. A reunião acontecia normalmente quando, segundo relatos, a Polícia Militar chegou ao local com dois oficiais de justiça e cinco viaturas policiais.
Cerco policial e impedimento de saída
"De repente a polícia chegou com dois oficiais de justiça, cinco carros da polícia e cercaram o local da nossa reunião. Nós do governo federal fomos lá negociar, não deixaram a gente fazer a reunião. Aí começaram fazendo uma pressão muito grande, exigindo a citação de forma forçada", afirmou Gervano Vicente em depoimento à Rede Amazônica.
Segundo os relatos, as tropas da Polícia Militar de Rondônia (PM-RO) cercaram o ponto da reunião e impediram a saída das pessoas presentes, incluindo os representantes dos órgãos federais. A PM teria ido até a zona rural para cumprir uma ordem judicial, mas não esclareceu os motivos específicos da abordagem.
Libertação após horas de cerco
Os participantes só foram liberados no final da tarde, por volta das 18h, depois que cada um forneceu nomes e outros dados para a polícia. Um habeas corpus coletivo foi solicitado durante o cerco, mas a liberação ocorreu antes que o documento fosse apreciado por um juiz.
A Rede Amazônica questionou a corporação policial sobre o motivo da abordagem, mas não obteve resposta até o fechamento da reportagem. O caso evidencia a tensão permanente em áreas de conflito agrário no estado de Rondônia e levanta questões sobre a atuação policial em situações de mediação de conflitos.