Um conflito agrário de grandes proporções está em andamento no Mato Grosso do Sul. Na manhã desta sexta-feira (25), um grupo de aproximadamente 50 indígenas da etnia Terena ocupou a Fazenda Santo Antônio da Esperança, localizada na região de Sidrolândia, a aproximadamente 70 km de Campo Grande.
Destruição e Tensão no Campo
Segundo informações da Polícia Militar, os manifestantes promoveram uma série de atos de destruição no local:
- Incendiaram três tratores de grande porte
- Queimaram uma colheitadeira
- Destruíram uma casa de moradia da propriedade
- Danificaram outros equipamentos agrícolas
As chamas consumiram maquinários valiosos, com prejuízos preliminares estimados em centenas de milhares de reais. O Corpo de Bombeiros foi acionado para controlar as chamas e evitar que o fogo se alastrasse para outras áreas da propriedade.
Reivindicações Históricas
Os indígenas justificam a ação como parte de uma luta histórica pela retomada de territórios tradicionais. De acordo com lideranças presentes no local, a área seria parte de terras ancestralmente ocupadas pelo povo Terena.
"Estamos reivindicando o que é nosso por direito", declarou uma das lideranças que preferiu não se identificar. "Há décadas esperamos uma solução da Funai e do Ministério da Justiça, mas a morosidade nos obriga a tomar providências".
Operação Policial em Andamento
A Polícia Militar Ambiental e tropas do Batalhão de Choque foram deslocadas para o local para tentar mediar o conflito. Até o momento, as abordagens têm sido pacíficas, com negociadores tentando estabelecer um diálogo com os manifestantes.
Não há registros de feridos ou confrontos físicos entre policiais e indígenas, mas a tensão permanece alta na região. A propriedade está completamente isolada e o acesso de pessoas não autorizadas está impedido.
Contexto do Conflito
Esta não é a primeira vez que a Fazenda Santo Antônio da Esperança é alvo de ocupações. Em 2023, um grupo menor de indígenas já havia realizado protestos similares, mas sem a dimensão destrutiva do episódio atual.
O Mato Grosso do Sul concentra alguns dos conflitos fundiários mais antigos e complexos do país, envolvendo principalmente as etnias Terena, Guarani-Kaiowá e Kinikinau.
Especialistas em questões agrárias alertam que a situação pode se agravar caso não haja uma política efetiva de mediação de conflitos e avanço nos processos de demarcação.