Um novo episódio de violência marcou a Terra Indígena Yanomami, em Roraima, resultando na morte de um jovem indígena e de dois garimpeiros. O conflito, que evidencia a tensão permanente na região, ocorreu na tarde do dia 28 de novembro, em uma área de difícil acesso conhecida como Taboca.
Detalhes do confronto fatal
A vítima indígena foi identificada como Itaci Yanomami, de 25 anos. As associações Urihi e Hutukara Associação Yanomami divulgaram a informação nesta quinta-feira, 4 de janeiro. De acordo com os relatos, o confronto direto entre o grupo Yanomami e invasores garimpeiros aconteceu por volta das 16h.
O mesmo incidente também teria causado a morte de dois garimpeiros, cujas identidades foram fornecidas por familiares: José Ribamar de Brito Ferreira, de 63 anos, e Raimundo Nonato Barboza, de 39. A Polícia Civil de Roraima já iniciou as investigações para apurar as circunstâncias exatas das mortes.
Disputa sobre a localização e alerta das associações
Há uma divergência sobre a localização exata do conflito. Familiares dos garimpeiros, em registro de ocorrência, afirmam que a região do Taboca fica em uma área de garimpo dentro do município de Mucajaí, que abrange parte do território Yanomami.
Contudo, a Casa de Governo, órgão federal responsável pelo combate ao garimpo ilegal, emitiu uma nota afirmando que a área dos fatos está localizada em território venezuelano. Segundo o órgão, o local é usado por garimpeiros para logística ilegal, incluindo o esconderijo de aeronaves e suprimentos, servindo como rota de acesso para áreas de garimpo dentro da Venezuela.
Em comunicado, as associações Yanomami alertaram que conflitos diretos "têm se tornado frequentes nas regiões de fronteira com a Venezuela". O texto destaca que "a falta de uma presença estatal forte é evidenciada pelo trânsito livre de invasores armados entre os dois países".
Contexto de crise permanente
A Terra Yanomami, maior território indígena do Brasil com quase 10 milhões de hectares, segue sob grave ameaça. Quase três anos após o decreto de emergência sanitária pelo governo federal, lideranças denunciam que o garimpo ilegal permanece ativo, destruindo roças, contaminando rios com mercúrio e provocando desnutrição.
Os corpos dos dois garimpeiros foram retirados da região por transporte aéreo contratado pelas famílias e levados para uma fazenda em Mucajaí. A Casa de Governo, ao se referir à suposta localização venezuelana, afirmou que, por se tratar de território estrangeiro, não há atuação direta no local, mas que do lado brasileiro mantém ações de proteção ao território e às comunidades.
Este trágico evento reforça os apelos por uma atuação estatal mais efetiva e permanente para coibir a invasão de garimpeiros e proteger a vida dos povos originários, em um cenário onde a violência e a ilegalidade continuam a ceifar vidas.