Uma empresa de Mirassol, no interior de São Paulo, conquistou um espaço de destaque na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, que acontece em Belém do Pará. A Carbono Rural, criada há três anos, foi selecionada para participar do evento global que reúne chefes de Estado e autoridades credenciadas da ONU.
Reconhecimento internacional
O diretor Luis Fernando Zambrano, de 45 anos, explicou ao g1 que a participação na COP30 representa um reconhecimento do trabalho desenvolvido pela empresa. A Carbono Rural tem como missão conectar produtores rurais com soluções globais para o clima, preenchendo uma lacuna histórica entre o agronegócio e o mercado ambiental.
Mesmo sendo uma empresa jovem, a Carbono Rural já expandiu suas operações para 18 estados brasileiros. Com foco na reestruturação florestal, a empresa atua atualmente em aproximadamente 250 hectares de terra na região noroeste do estado de São Paulo.
Contribuição ambiental significativa
Estudos apresentados pela empresa indicam que projetos de regeneração natural podem remover entre 9 e 19 toneladas de CO₂ por hectare ao ano, variando conforme o bioma e o tipo de manejo aplicado. Considerando essa referência, os 250 hectares em processo de restauração no interior paulista têm potencial para sequestrar entre 2.250 e 4.750 toneladas de CO₂ anualmente.
"Essas ações representam um avanço concreto na recuperação de áreas degradadas e recomposição da vegetação nativa, com reflexos positivos sobre a biodiversidade, estrutura e fertilidade do solo, e a recarga hídrica", afirmou Luis Fernando Zambrano.
Impacto em larga escala
A capacidade total de geração de projetos de conservação e restauração florestal da Carbono Rural é estimada em aproximadamente 140 milhões de toneladas de CO₂ equivalente. Este volume impressionante equivale a neutralizar as emissões anuais de cerca de 30 milhões de automóveis, demonstrando a relevância da contribuição do setor rural brasileiro para a mitigação das mudanças climáticas globais.
Na COP30, a empresa pretende compartilhar sua experiência prática em regularização ambiental, mercado de carbono e Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) - mecanismo econômico que recompensa financeiramente produtores rurais e comunidades por práticas que conservam e restauram ecossistemas.
Superando desafios técnicos
O diretor reconhece que um dos principais obstáculos para a expansão desses projetos é a complexidade técnica e jurídica envolvida. Muitos produtores rurais com áreas elegíveis enfrentam barreiras como altos custos iniciais de estruturação, incertezas sobre preços e demanda por créditos de carbono, além da ausência de regulamentação específica.
Para enfrentar esses desafios, a Carbono Rural apresentará na conferência modelos inovadores de apoio técnico e financeiro, ferramentas de monitoramento via satélite, mecanismos de rastreabilidade e estruturas híbridas de financiamento climático que integram setores privado e público.
"Estar nesse ambiente significa visibilidade para projetos, diálogo direto com governos, financiadores, compradores de créditos de carbono, além da oportunidade de apresentar o protagonismo do produtor rural brasileiro na construção de um mundo ecologicamente equilibrado", refletiu o diretor.