Um levantamento recente realizado na Praia do Gonzaga, em Santos, no litoral de São Paulo, trouxe à tona números alarmantes sobre a poluição nas areias. O projeto Monitoramento de Microlixo, conduzido pelo Instituto Mar Azul (IMA), identificou a presença de 18.211 fragmentos de resíduos em um trecho específico da faixa de areia, entre os meses de setembro e dezembro.
Plásticos e bitucas dominam a cena do lixo
Os dados da análise, concluída após o 4º Mutirão de Limpeza de Praia no último sábado (20), mostram uma triste realidade. O tipo de resíduo mais abundante foi o plástico, com 9.347 unidades coletadas. Em segundo lugar, aparecem as 4.103 bitucas de cigarro, confirmando que este item é um dos grandes vilões do litoral. Em terceiro, foram contabilizados 2.337 fragmentos de papéis diversos.
O estudo também apontou um crescimento preocupante na quantidade de outros itens, como pinos eppendorf (pequenos tubos de plástico com tampa), tampas de plástico e metal, e até mesmo canudos plásticos, cujo uso é proibido por lei no município desde 2018.
Volume histórico e um alerta urgente
O diretor-presidente do Instituto Mar Azul, Hailton Santos, emitiu um comunicado expressando grave preocupação. "O volume de resíduos encontrados é alarmante e mostra que ainda estamos longe de mudar hábitos", afirmou. Ele destacou que a situação exige ações imediatas e responsabilidade coletiva para enfrentar os impactos ambientais, concluindo: "Não dá mais para adiar".
O trabalho do IMA em Santos não é recente. Desde 2013, a instituição já realizou 145 mutirões de limpeza em diferentes pontos do município, incluindo a faixa de areia, calçadões, a Ilha Urubuqueçaba e o mar. O balanço acumulado é estarrecedor: mais de 1 milhão de fragmentos de resíduos já foram retirados do ambiente.
Os materiais mais recolhidos em uma década
A composição desse milhão de itens coletados ao longo dos anos revela o perfil da poluição costeira na região:
- Plásticos: 410 mil unidades
- Bitucas de cigarro: 396 mil unidades
- Isopor: 70 mil unidades
- Papel: 35 mil unidades
- Metal: 33 mil unidades
- Madeira: 12 mil unidades
- Outros resíduos: 44 mil unidades
Os números do último monitoramento na Praia do Gonzaga, somados ao histórico de uma década de trabalho, funcionam como um termômetro crítico do problema do descarte irregular. Eles evidenciam que, apesar dos esforços de limpeza e das leis existentes, a mudança de comportamento do público frequentador ainda é um desafio fundamental para a preservação das praias.