O Banco do Nordeste (BNB) revelou durante o Fórum Agro, realizado pela revista Veja em São Paulo, um crescimento expressivo no volume de crédito destinado ao agronegócio sustentável, mesmo com o endurecimento das regras ambientais. A instituição também anunciou um aporte de R$ 50 milhões para projetos de preservação e recuperação da Caatinga durante a COP30.
Regulamentação impulsiona transição verde
Irenaldo Soares, superintendente de Políticas de Desenvolvimento Sustentável do BNB, explicou que o setor financeiro passa por um processo acelerado de adequação desde que o Banco Central criou a Política de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática (PRSAC). Em 2021, a política ganhou metas climáticas específicas, exigindo maior transparência e gestão de riscos ambientais.
"O Banco Central determinou que as instituições financeiras tivessem um compromisso de sustentabilidade ou levassem essa atribuição a um comitê já existente", afirmou Soares durante o painel "Investimentos verdes no agronegócio". No caso do BNB, a pauta foi incorporada ao comitê de riscos e capital, onde mensalmente as equipes precisam reportar indicadores ambientais e climáticos.
Sistema de certificação e crescimento do crédito
O banco implementou um sistema de certificação ambiental que realiza 28 verificações automáticas em cada análise de financiamento rural, garantindo conformidade antes da liberação de recursos. A estratégia mostrou resultados: mesmo com regras mais rigorosas, o volume de crédito não apenas se manteve como cresceu significativamente.
Soares projetou que o BNB deve encerrar 2025 com cerca de R$ 20 bilhões aplicados no agronegócio, valor quase três vezes superior ao registrado em 2020. Desse total, R$ 105 milhões foram destinados especificamente à Agricultura de Baixo Carbono por meio do FNE Verde, com previsão de aumento de pelo menos 50% em 2026.
Programas de microcrédito e adaptação climática
O executivo também destacou o impacto social dos programas de microcrédito Crediamigo (urbano) e Agroamigo (rural), considerados pelo banco como o maior programa de combate à pobreza da América do Sul. Somente o Agroamigo já destinou R$ 20 bilhões em financiamentos, com parte dos recursos sendo direcionada para energia solar no campo, abastecimento hídrico e melhoria da infraestrutura produtiva.
Em 2024, o banco destinou R$ 4,9 bilhões para ações relacionadas à mitigação das mudanças climáticas. O anúncio dos R$ 50 milhões para a Caatinga durante a COP30 ganha ainda mais relevância porque será igualado pelo BNDES, totalizando R$ 100 milhões em investimentos ambientais no bioma exclusivamente brasileiro.
Soares citou ainda políticas públicas que aceleram a transição sustentável, como o Eco Invest Brasil, cujo segundo leilão mobilizou cerca de R$ 65 bilhões em capital catalítico, e o Plano Safra, que prioriza tecnologias de baixa emissão de carbono, recuperação de pastagens e práticas regenerativas.