Um projeto inovador que utiliza a macaúba, planta nativa brasileira, para produzir biocombustíveis está ganhando destaque no cenário da transição energética global. A iniciativa da Acelen Renováveis promete revolucionar o mercado de combustíveis sustentáveis com impactos significativos na descarbonização.
Potencial extraordinário da macaúba
A macaúba, espécie brasileira de copa volumosa e espinhosa que pode alcançar mais de 15 metros de altura, revela-se uma das matérias-primas mais promissoras para biocombustíveis. A planta produz de sete a dez vezes mais óleo por hectare do que culturas tradicionais como a soja, apresentando uma produtividade excepcional.
Outra vantagem significativa é sua capacidade de ser cultivada em pastagens degradadas, recuperando áreas improdutivas sem competir com a produção de alimentos. Da macaúba, tudo é aproveitado: óleo, fibras, proteínas e resíduos agrícolas, tornando-a uma opção extremamente eficiente e sustentável.
Centro de inovação impulsiona escalabilidade
Para consolidar a macaúba em larga escala, a Acelen inaugurou em agosto deste ano o Acelen Agripark em Montes Claros (MG), maior centro de inovação tecnológica agroindustrial voltado para a macaúba no mundo. O espaço de 138 hectares tem capacidade impressionante:
- Germinar 1,7 milhão de sementes por mês
- Produzir até 10,5 milhões de mudas por ano
- Utilizar práticas ambientais avançadas e automação robótica
Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renováveis, explica: "A macaúba é pesquisada e testada em pequena escala há mais de 70 anos globalmente. De forma inédita no mundo, no Acelen Agripark, integramos e potencializamos esse conhecimento com tecnologia para garantir uma escala global".
Pesquisadores de instituições renomadas como Esalq/USP, Embrapa, Unicamp, Instituto Agronômico de Campinas, Universidade Federal de Viçosa, University of California-Davis e Cornell University trabalham em parceria com a empresa no desenvolvimento genético e domesticação da espécie.
Impacto ambiental e econômico significativo
O projeto apresenta números impressionantes que reforçam seu potencial transformador. O cultivo da macaúba pode sequestrar até 60 milhões de toneladas de CO₂ durante a vida útil do projeto, impactando diretamente as metas de descarbonização.
Na mobilidade, responsável por cerca de 23% das emissões globais de CO₂, os combustíveis drop-in desenvolvidos a partir do óleo de macaúba podem substituir os fósseis sem adaptações nos motores, reduzindo emissões em escala de forma imediata.
A Acelen Renováveis pretende produzir Diesel Renovável (HVO) e Combustível Sustentável de Aviação (SAF), com meta de alcançar 1 bilhão de litros por ano em sua primeira unidade integrada, que reúne uma biorrefinaria na Bahia e áreas de cultivo em Minas Gerais e Bahia.
Os benefícios ambientais são complementados por impactos econômicos substanciais:
- Investimento inicial de US$ 3 bilhões
- Expectativa de movimentar US$ 40 bilhões nas próximas décadas
- Geração de até 85 mil empregos diretos e indiretos
- 20% dos 180 mil hectares de cultivo em parceria com agricultura familiar
Os avanços recentes do projeto incluem a primeira extração industrial de óleo de macaúba em 2025 e taxas de germinação acima de 80% registradas em setembro - um salto expressivo para uma planta que, na natureza, germina entre apenas 3% e 5%.
Com plantios iniciados em fazendas-modelo em Minas Gerais e Bahia, o projeto fortalece as bases para uma nova cadeia produtiva voltada à descarbonização, posicionando o Brasil na vanguarda da transição energética global.