
Já se vão quatro longos dias — quase cem horas de uma verdadeira guerra contra as chamas que teimam em não dar trégua. A Serra de São José, aquela joia natural que emoldura Tiradentes com seu verde característico, hoje respira fumaça e cinzas. Uma cena que corta o coração de qualquer mineiro que ama suas montanhas.
Desde aquela sexta-feira, sabe-se lá como começou — suspeita-se que tenha sido ação humana, claro —, o fogo avança sem piedade pela vegetação nativa. E olha, não é pouco mato que está queimando não. Segundo os bombeiros, são aproximadamente 25 hectares já consumidos pelas chamas. Para ter ideia, é como se mais de trinta campos de futebol virassem cinza.
Uma batalha contra o tempo e os elementos
Quem pensa que é só jogar água e pronto está muito enganado. O combate a um incêndio dessas proporções é uma operação de guerra mesmo. As equipes — heróis anônimos que arriscam a pele — usam desde os tradicionais abafadores até algo que parece saído de filme: um avião air tractor, aquela aeronave especializada que despeja água de forma precisa sobre os focos mais críticos.
Mas nem tudo são flores — ou melhor, nem tudo é eficiência. O terreno acidentado da serra é um desafio brutal. Lugares de difícil acesso, com aquelas subidas íngremes que só mineiro conhece bem, impedem que os veículos terrestres cheguem onde precisam. É a pé, carregando equipamento pesado, sob calor intenso e fumaça sufocante.
O que dizem os bombeiros no front
O tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros, não esconde a preocupação. "As condições climáticas não estão nada favoráveis", alerta ele, mencionando a baixa umidade do ar e aqueles ventos que parecem brincar de empurrar o fogo para onde bem entendem.
E tem mais: a tal da camada de serrapilheira — basicamente, aquela cobertura de folhas secas no chão da mata — está funcionando como combustível perfeito. É como se a natureza tivesse preparado o cenário ideal para o fogo se espalhar.
E a população? Como fica?
Até o momento, felizmente, nenhuma casa foi atingida e não há registro de pessoas feridas. Mas o alerta permanece — afinal, o fogo é imprevisível como diabo solto. As chamas já chegaram perto da região do Bairro do Faria, mas as equipes conseguiram, num esforço sobre-humano, criar aquelas faixas de segurança que impedem o avanço.
O que mais preocupa, sinceramente? É o patrimônio natural que está sendo destruído. A Serra de São José não é só um cartão postal — ela abriga espécies únicas da flora e fauna mineira. Cada hectare queimado é uma perda irreparável.
O que esperar dos próximos dias
Os bombeiros seguem firmes no combate, mas a situação ainda é crítica. A previsão do tempo — com continuação da baixa umidade — não ajuda em nada. Parece que a natureza resolveu testar a resistência humana até o último limite.
Enquanto isso, em Tiradentes, a paisagem mudou. O céu azul deu lugar a uma névoa cinzenta, e o cheiro de queimado impregna o ar. Uma triste realidade para uma cidade que respira história e cultura.
Uma coisa é certa: quando as chamas finalmente se apagarem, o trabalho de recuperação será tão desafiador quanto o combate. Resta torcer — e apoiar esses bravos profissionais que não medem esforços para proteger nosso patrimônio natural.