A Defesa Civil realizou vistorias nas áreas mais afetadas pelo temporal que atingiu Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, na última terça-feira (16). O episódio climático extremo teve uma vítima fatal: Artêmio Guedes, de 78 anos, que morreu soterrado dentro de sua própria residência.
Uma vida dedicada ao próximo
Em entrevista emocionada, Cintia Guedes, filha do idoso, falou sobre a personalidade do pai. Ela descreveu Artêmio como um homem extremamente prestativo, que dedicava sua vida a ajudar a esposa, a família e os amigos. "O pai era aquele que a gente pode ter 30 anos, 40, e ele estava ali fazendo pão, passando manteiga no pão e dando", contou Cintia.
Ela relembrou que, momentos antes da tragédia, sua mãe conversava com familiares enquanto lavava a louça, e Artêmio observava pela janela. "Era o grande amor da vida dele, servindo o tempo inteiro", afirmou. Cintia destacou que o coração do pai era voltado para o próximo: "Ele acudia um de um lado, um de outro. Ele estava sempre fazendo pelo outro, sempre. Meu pai serviu amor".
Artêmio Guedes era natural de Maria da Fé, em Minas Gerais, e havia fixado residência no bairro Barra Velha, em Ilhabela, há quatro décadas. Ele trabalhou por mais de 30 anos em um supermercado local, onde fez muitos amigos.
Os detalhes da tragédia
A filha reconstituiu os últimos momentos do pai. Artêmio havia saído para comprar pão. Ao retornar para casa, estacionou o carro na garagem, que fica próxima à residência, e subiu a rampa para fechar o portão. Foi nesse momento que o desastre aconteceu.
"Ele foi fechar o portão e, nessa que ele desceu, a rampa inteira do lado direito cedeu", narrou Cintia. "Foi muita lama, muitos metros, a profundidade foi muito grande porque tinha uma construção do lado e não deixou essa terra escorrer".
O resgate foi complexo e demorado devido ao grande volume de terra e lama que soterraram o idoso. "Foram muitas horas para tentar tirar aquela lama, era muita quantidade de lama", finalizou a filha, detalhando a dificuldade enfrentada pelas equipes de socorro.
Última homenagem e ações das autoridades
O corpo de Artêmio Guedes foi sepultado na manhã de quinta-feira (18), no cemitério municipal de Ilhabela. Enquanto a família se despede, as autoridades municipais e estaduais agem para avaliar os estragos e prevenir novos acidentes.
A Defesa Civil segue com o trabalho de vistoria nas regiões mais castigadas pelas fortes chuvas, identificando pontos de risco e orientando a população. O episódio serve como um alerta para os perigos associados a deslizamentos de terra em áreas de encosta durante eventos de temporal intenso, comuns no litoral paulista.
A tragédia que vitimou o aposentado de 78 anos deixa um vazio na comunidade do Barra Velha e evidencia a força destrutiva dos fenômenos naturais, mesmo para aqueles que, como Artêmio, estavam no aconchego do seu lar.
