
Imagine a cena: um carro oficial, pago com dinheiro público, circulando tranquilamente pelas ruas de Rondônia. Só que, em vez de transportar medicamentos ou profissionais da saúde, levava um carregamento nada convencional - drogas e munições. Pois é, caro leitor, a realidade às vezes supera a ficção.
O caso aconteceu em Colorado do Oeste, aquela cidadezinha do interior rondoniense que agora ganhou os holofotes por um motivo bem pouco nobre. O protagonista dessa história é um servidor público que, francamente, esqueceu completamente o significado de "função pública".
Quando o dever vira descaso
A coisa toda começou a desmoronar em maio do ano passado - mais precisamente no dia 17. A Polícia Militar fez uma abordagem de rotina que revelou muito mais do que esperava. Lá estava ele, o tal servidor, dirigindo um veículo oficial da Secretaria Municipal de Saúde como se fosse seu carro particular para atividades ilícitas.
Dentro do carro? Uma verdadeira mini-arsenal. Encontraram:
- Diversas porções de maconha prontas para distribuição
- Munições de calibre 38 - aquelas que não se encontram em qualquer esquina
- Dois celulares, instrumentos essenciais no mundo do tráfico
O mais surreal? Tudo isso rolava dentro de um veículo que deveria estar servindo à população. É de cair o queixo, não é?
O julgamento e a condenação
O processo correu na 2ª Vara Criminal da Comarca de Colorado do Oeste, e o resultado foi anunciado agora em outubro. A Justiça não ficou com papas na língua - condenou o servidor a sete anos de reclusão inicialmente em regime semiaberto.
Mas calma, a história não termina aí. A defesa, como era de se esperar, já entrou com recurso. Alegam, veja só, que as provas não seriam tão consistentes assim. O caso agora segue para o Tribunal de Justiça de Rondônia, então esse capítulo ainda está longe do ponto final.
Um problema que vai além do indivíduo
O que mais me preocupa nesse caso não é apenas a ousadia do sujeito - que é considerável, convenhamos. É o que isso revela sobre falhas no sistema. Como um carro oficial pôde ser usado assim, durante tanto tempo, sem que ninguém desconfiasse?
Pensando bem, talvez alguém até desconfiasse, mas preferiu não se meter. Esse é outro problema nosso, essa cultura do "cada um por si".
Enquanto isso, a população fica se perguntando: quantos outros casos assim estão passando despercebidos? Quantos servidores públicos estão usando recursos que deveriam beneficiar a todos em proveito próprio?
O caso serve como alerta - e que fique bem claro: o erário público não é terra de ninguém. Ou pelo menos, não deveria ser.