
Parece até história de ficção, mas é pura realidade brasileira. Um processo que investiga a famigerada produção de cloroquina pelo Exército brasileiro simplesmente virou pó nos arquivos do Tribunal de Contas da União. E olha que não é pouco tempo não: estamos falando de mais de mil dias de espera.
O caso, que tinha tudo para ser prioritário — afinal, aconteceu no auge da pandemia —, acabou engavetado numa gaveta qualquer do TCU. Três anos e meio se passaram desde que o ministério público junto ao tribunal ajuizou a ação. E desde então? Silêncio absoluto.
O que dizem os documentos
Os autos mostram algo no mínimo curioso: o Exército teria gasto cerca de 145 mil reais para produzir nada menos que 76 mil comprimidos do medicamento. Isso lá em 2020, quando o mundo inteiro buscava desesperadamente uma solução para a COVID-19.
Mas aqui vai o detalhe que faz pensar: a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nunca aprovou o uso da cloroquina para tratar a doença. E mesmo assim, as Forças Armadas seguiram com a produção. No mínimo, uma decisão no mínimo ousada.
O jogo de empurra-empurra
O que mais chama atenção é a lentidão do processo. Enquanto isso, o TCU alega que está aguardando informações de outros órgãos. Já o Exército, por sua vez, diz que enviou todos os documentos solicitados. E o processo? Continua nadando em águas paradas.
É aquela velha história: um culpa o outro, e a verdade fica perdida no meio do caminho. Enquanto os responsáveis se digladiam, a população fica sem respostas sobre como foram usados os recursos públicos num dos momentos mais críticos da saúde nacional.
Pergunta que não quer calar: será que algum dia vamos saber toda a verdade sobre esse caso? Ou ele vai acabar como tantos outros processos importantes desse país — esquecido na poeira do tempo?