A coisa está ficando séria na Serra do Mar. O Ministério Público de São Paulo resolveu botar a lupa em um dos projetos mais ambiciosos — e polêmicos — dos últimos tempos: a terceira pista da Rodovia dos Imigrantes. E não é qualquer pista, não. A obra promete entregar nada menos que o maior túnel rodoviário do país, algo que, convenhamos, não se vê todo dia.
Pois é. Enquanto muita gente já sonha com a melhora no trânsito caótico que frequentemente paralisa a região, o MP resolveu checar com calma se todos os trâmites ambientais foram seguidos à risca. E olha, não é pouca coisa — estamos falando de uma intervenção gigantesca em uma área de proteção ambiental das mais sensíveis.
Os Números que Impressionam
Vamos aos detalhes que deixam qualquer um de queixo caído. O tal túnel — a cereja do bolo — vai ter incríveis 8.870 metros de extensão. Parece até exagero, mas é isso mesmo. Uma obra faraônica que vai ligar o planalto à baixada santista, prometendo aliviar aquele sofrimento nos finais de semana prolongados e feriados.
E tem mais. A nova pista vai acrescentar outros 4 túneis ao trajeto, totalizando 5 novas galerias subterrâneas. A Dersa, empresa responsável pelo projeto, garante que tudo está dentro das normas, mas o MP não quis dar cheque em branco. Melhor prevenir que remediar, não é mesmo?
Por que a Investigação?
Bom, o problema central — pelo menos na visão do Ministério Público — está no licenciamento ambiental concedido pela CETESB. O órgão ambiental paulista deu sinal verde, mas os promotores querem ter certeza absoluta de que não houve nenhum atalho ou simplificação nos estudos necessários.
Não é questão de ser contra o progresso, longe disso. Mas quando se mexe em área de Mata Atlântica, todo cuidado é pouco. A Serra do Mar já sofreu demais ao longo dos anos, então qualquer novo projeto precisa ser examinado com lupa de aumento.
O que me preocupa, francamente, é o histórico. Quantas obras no Brasil começam cheias de promessas e depois a gente descobre que foram feitas nas coxas? O MP está certo em checar tudo direitinho.
E Agora?
Enquanto a investigação corre em segredo de Justiça, a Dersa segue confiante. A empresa garante que cumpriu todos os requisitos e que a obra é fundamental para o desenvolvimento econômico da região. Eles têm um ponto — o corredor de exportação do Porto de Santos é vital para o país.
Mas aqui vai um pensamento: será que não estamos repetindo erros do passado? Construir mais uma pista pode resolver o problema imediato, mas e a longo prazo? O transporte ferroviário não seria uma solução mais sustentável?
O fato é que os santistas e quem trafega pela região ficam nesse limbo. Por um lado, a promessa de um trânsito mais fluido. Por outro, a desconfiança de que a pressa pode custar caro ao meio ambiente.
Uma coisa é certa: essa história ainda vai dar muito o que falar. E tomara que, no final, prevaleça o bom senso — nem desenvolvimento a qualquer custo, nem ambientalismo radical. O Brasil precisa encontrar esse equilíbrio, e talvez a Imigrantes seja o teste definitivo.
