O Jogo das Concessionárias: Como Empresas de Saneamento Garantiam Novas Outorgas com Incentivos Governamentais
Concessionárias de saneamento: o jogo das outorgas revelado

Parece que o velho jogo de interesses entre poder público e empresas privadas ganhou novos capítulos no setor de saneamento básico. E dessa vez, as cartas marcadas estão vazando para todo mundo ver.

O que era pra ser uma relação transparente entre concessionárias e governos se transformou numa verdadeira dança das cadeiras, onde quem perde é sempre o mesmo: o contribuinte.

O Mecanismo por Trás das Cortinas

Imagine a cena: empresas que já detêm contratos de concessão recebem generosos incentivos financeiros do governo. Em troca? Promessas de ampliação dos serviços. Só que tem um detalhe – muitas vezes essas ampliações já eram obrigações contratuais anteriores!

É como pagar duas vezes pelo mesmo produto. Só que nesse caso, o produto é algo essencial: água tratada e coleta de esgoto.

As Estratégias que Poucos Conhecem

As concessionárias desenvolveram métodos criativos – pra não dizer questionáveis – para garantir a renovação de seus contratos. Entre eles:

  • Negociação de aditivos contratuais com benefícios extras
  • Uso de dados técnicos distorcidos para justificar necessidades
  • Pressão política sobre órgãos reguladores
  • Criação de cenários catastróficos em caso de não renovação

Não é à toa que muitos especialistas estão chamando isso de "capitalismo de laços" – onde o lucro privado se alimenta de recursos públicos.

O Preço que Todos Pagamos

Enquanto isso, a conta chega para o cidadão comum. Tarifas que não param de subir, serviços que deixam a desejar e aquela sensação de que estamos sempre pagando por algo que deveria ser direito básico.

O pior? Muitas vezes essas negociações acontecem longe dos holofotes, em reuniões técnicas que poucos entendem e menos ainda acompanham.

O Outro Lado da Moeda

Claro que as empresas têm seus argumentos. Investir em saneamento é caro, os riscos são altos e os prazos longos. Sem segurança jurídica, dizem elas, fica difícil atrair capital privado.

Mas até onde vai o equilíbrio entre lucro razoável e interesse público? Essa é a discussão que precisamos ter.

O fato é que o modelo atual está cheio de brechas que permitem esse tipo de manobra. E enquanto não houver transparência total nas negociações, continuaremos nesse ciclo vicioso.

Afinal, saneamento básico não é commodity – é direito fundamental. E talvez seja hora de lembrarmos disso antes de fechar o próximo contrato.