Uma série de tempestades severas e as piores enchentes registradas na última década causaram a morte de mais de 900 pessoas no sudoeste da Ásia. Autoridades locais confirmaram nesta segunda-feira (1) que o número total de vítimas fatais ultrapassou a marca de mil, em um cenário de destruição que mobiliza forças militares para operações de resgate e socorro.
Balanço trágico e resposta dos governos
Os fenômenos meteorológicos que atingiram a região na semana passada provocaram chuvas torrenciais e prolongadas, resultando em inundações catastróficas e deslizamentos de terra. O país mais afetado foi a Indonésia, com 502 mortos, seguido pelo Sri Lanka, com 340 vítimas fatais. A Tailândia registrou 176 óbitos, enquanto a Malásia contabilizou duas mortes em decorrência das cheias.
Diante da emergência, os governos do Sri Lanka e da Indonésia acionaram seus exércitos para auxiliar nas buscas e no atendimento às populações isoladas. O presidente indonésio, Prabowo Subianto, declarou durante visita a Sumatra do Norte que a prioridade imediata é o envio de ajuda. "Há vários vilarejos isolados aos quais, com a ajuda de Deus, conseguiremos chegar", afirmou, destacando o uso de helicópteros e aviões nas operações.
Cenário de devastação nos países afetados
Na Indonésia, as inundações e deslizamentos não só mataram centenas, como deixaram um número similar de desaparecidos. Este é o maior balanço de um desastre natural no país desde 2018. O governo enviou três navios militares com suprimentos e dois navios-hospital para as áreas mais críticas, onde muitas estradas permanecem intransitáveis. Em vilarejos como Sungai Nyalo, as águas baixaram, mas deixaram um rastro de lama espessa cobrindo casas, veículos e plantações.
No Sri Lanka, o governo fez um pedido formal de ajuda internacional e utilizou helicópteros militares para alcançar sobreviventes. O presidente Anura Kumara Dissanayake, que decretou estado de emergência, classificou a situação como "o maior e mais difícil desastre natural da nossa história", prometendo reconstruir as áreas devastadas. As perdas são as mais graves desde o tsunami de 2004.
Na capital Colombo, as chuvas cessaram e alguns comércios reabriram, mas o trabalho de limpeza é enorme. "A água baixou, mas a casa está cheia de lama", descreveu Hasitha Wijewardena, residente de Ma Oya, ao norte da capital.
Fatores climáticos e críticas à resposta
A tragédia ocorre durante a temporada anual de monções na Ásia, período tipicamente marcado por chuvas fortes. No entanto, especialistas apontam que as enchentes foram agravadas por uma rara tempestade tropical que atingiu a região, em especial a ilha de Sumatra. As mudanças climáticas são um fator crucial, já que uma atmosfera mais quente retém mais umidade, intensificando a força das tempestades e o volume de precipitação.
Na Tailândia, onde o sul foi a região mais castigada, a população criticou a demora e a inadequação da resposta oficial às enchentes. A insatisfação foi tamanha que dois funcionários do governo foram suspensos devido à atuação considerada inadequada durante a crise. As operações de resgate também enfrentaram contratempos, como a queda de um helicóptero militar ao norte de Colombo, no Sri Lanka.
Enquanto as equipes de emergência trabalham para desobstruir estradas e avaliar a dimensão total dos danos, a comunidade internacional começa a se mobilizar para oferecer suporte aos milhares de desabrigados e famílias afetadas por uma das maiores tragédias naturais recentes na Ásia.