
Não foi um dia qualquer na Praia do Curral, em Ilhabela. O que começou como mais uma manhã de verão — dessas com céu azul e promessas de mergulhos refrescantes — virou cena de filme catastrófico em questão de minutos. O mar, normalmente manso naquela enseada, decidiu mostrar quem manda.
Por volta das 11h30, um grupo de turistas — alguns com crianças no colo — registrou o momento em que a ressaca avançou pelo menos 15 metros além do normal. "Parecia um monstro acordando", contou Marcos Aurélio, vendedor de coco que trabalha no local há 8 anos. "A galera correu igual barata tonta quando a terceira onda quase lambeu os pés deles."
O dia em que o mar "deu o troco"
Especialistas explicam que o fenômeno é resultado de uma combinação perigosa: ventos fortes do sudeste (aqueles que deixam os cabelos das mulheres num estado "pós-furacão") com a maré astronômica. "Quando esses dois elementos resolvem dançar juntos, nem o mais experiente pescador arrisca", brinca — mas sem graça — o capitão dos Bombeiros, Rogério Mendes.
- Onda mais alta: 2,8 metros (quase o tamanho de uma girafa adulta!)
- Tempo de reação: Menos de 8 segundos entre o recuo anormal e o avanço violento
- Sorte: Ninguém se feriu, mas duas cadeiras de praia viraram "tripulantes" do oceano
Curiosamente — ou assustadoramente —, o episódio ocorreu exatamente 3 anos depois do último registro significativo de ressaca na região. Coincidência? O pessoal mais antigo da ilha já fala em "maldição das luas gêmeas".
"A gente viu a areia sumir debaixo dos pés"
Maria Clara, estudante de 22 anos que filmou tudo, descreve com voz ainda trêmula: "Parecia aqueles efeitos especiais de cinema, sabe? Só que de repente você percebe que não tem botão 'pause' na vida real". O vídeo — que já circula nos grupos de WhatsApp com o apelido de "Tsunami de Mentirinha" — mostra ondas que avançam como línguas famintas sobre a faixa de areia.
Os guarda-vidas, que pareciam estar mais atentos que o normal neste dia, usaram o apito com uma urgência que fez até os vendedores ambulantes correrem para pontos altos. "Treinamos para isso, mas a natureza sempre nos surpreende", admite o salva-vidas Eduardo, enquanto seca o suor da testa com uma toalha que já viu dias melhores.
Para quem planeja visitar Ilhabela nos próximos dias, a dica é simples: respeite as bandeiras vermelhas como se sua vida dependesse disso — porque depende. E talvez evite aquela selfie com as costas para o mar... só por precaução.