Jovem psicóloga de 26 anos morre arrastada por enxurrada em Hortolândia
Psicóloga morre arrastada por enxurrada em Hortolândia

Uma tragédia comoveu a cidade de Hortolândia, no interior de São Paulo, no último domingo (23). Joycilenne de Oliveira Pacheco, uma psicóloga de 26 anos, morreu após ser arrastada por uma enxurrada enquanto estava dentro de seu carro.

A tragédia no temporal

Testemunhas que tentaram salvar a jovem relataram que Joycilenne afirmou não saber nadar momentos antes de ser levada pela correnteza. O caseiro Marcos Costa estava a apenas dois metros de distância quando tentou ajudá-la com uma corda.

"Já viemos com a corda. Eu fui pedir para ela sair do carro, ela com o vidro aberto. Ela falou assim: 'Eu não sei nadar, não sei nadar'. Falei 'Sai do carro que a gente te pega'", contou Marcos em entrevista.

Outro morador, Wilson Laurenzette, também confirmou ter ouvido a jovem dizer que não sabia nadar. O grupo tentou orientar Joycilenne durante todo o ocorrido, mas a força da água foi maior.

"Vi que a moça se perdeu na descida da rua. Como é muita água, não dá uma visão geral do que tem lá. Ela veio com o carro, embicou, aquaplanou", narrou Wilson.

Uma vida dedicada aos outros

Joycilenne era psicóloga e havia feito uma mudança de carreira há apenas dois meses. Ela deixou a área de Recursos Humanos para atender clinicamente, acreditando que esse era seu propósito de vida.

Priscila Amaral Soares, amiga e colega de trabalho, descreveu Joycilenne como "muito tranquila, muito serena e muito doce". As duas almoçaram juntas horas antes do acidente.

"Me inspirava muito o carinho que ela tinha com as pessoas, no jeito de falar. Todos os dias, ela batia na minha sala na clínica, para saber se estava tudo bem", lamentou Priscila.

A clínica onde trabalhavam publicou uma nota de pesar nas redes sociais, destacando "a doçura e a presença leve que deixou entre nós".

Problema antigo na região

Moradores do Jardim Nossa Senhora de Lourdes afirmam que os alagamentos na Rua Bambina Ciconi Camilo são frequentes há mais de uma década. Eles já alertaram autoridades sobre o risco, mas nenhuma solução efetiva foi implementada.

"Qualquer trombinha d'água de 20 minutos já é suficiente para criar esse transtorno", disse Estevão, que vive no bairro há anos.

Wilson Laurenzette criticou a falta de obras: "Se fosse feita uma melhoria, com abertura melhor de um tubo, alguma coisa, com certeza já não teria acontecido isso".

A Prefeitura de Hortolândia informou que uma obra estrutural no trecho é necessária, mas as áreas estão sob concessão estadual e federal, exigindo tratativas com ambas as esferas.

Homenagens e despedidas

O velório de Joycilenne acontece nesta segunda-feira (24), às 20h, e o sepultamento está marcado para terça-feira (25), às 10h, no Cemitério Parque Hortolândia.

Familiares e amigos prestaram homenagens emocionadas nas redes sociais. A mãe, Valdeci Oliveira, escreveu: "Eu sei que papai do céu te tomou de volta, meu amor. Mas dói muito".

Jéssica Pains, que frequentou a mesma igreja que Joycilenne desde a infância, afirmou que a jovem era "muito compromissada" e que "em tudo que fazia, demonstrava dedicação e cuidado, deixando sua marca de amor e simplicidade".

Karine Ibiapino, que conheceu Joycilenne através de sua mãe, destacou a coragem da amiga: "Deu pra perceber o quanto ela lutou pela vida, uma força tão bonita, tão dela".