Ventos de 74 km/h arrastam pessoas no litoral de SP; mulher se agarra a árvore
Mulher se agarra a árvore para não ser levada por ventania

Uma cena impressionante registrada no litoral de São Paulo mostrou o poder destrutivo de um ciclone extratropical que atingiu a região no último fim de semana. Em Peruíbe, uma mulher precisou se agarrar firmemente a uma árvore para não ser levada pelas fortes rajadas de vento que superaram 70 km/h.

O momento de tensão em Peruíbe

Por volta das 17h de sábado (8), na Avenida Padre Anchieta, no bairro Balneário Stella Maris, a ventania mostrava toda sua força. Imagens obtidas pelo g1 registraram o momento em que a mulher se segurava desesperadamente em uma árvore enquanto o vento tentava arrastá-la. A cena serve como alerta sobre o perigo real que ventanias fortes representam para as pessoas.

Além do risco às pessoas, a ventania também causou danos materiais significativos. A fachada de uma clínica dentária na mesma via foi danificada pela força do fenômeno climático.

Especialistas explicam a física por trás do fenômeno

Mas afinal, o vento pode realmente arrastar uma pessoa? Segundo especialistas em Física consultados pelo g1, a resposta é sim. O professor Jonathan Ternes explica que para que isso aconteça, a força do vento precisa superar o atrito entre o calçado e o chão.

"Para um adulto de 70 kg, um vento de 70 km/h pode desequilibrar. Para ser arrastado, seriam necessários 85 km/h", detalhou o especialista.

A educadora Maricler Appel complementa que o cálculo não depende apenas do peso, mas de múltiplos fatores:

  • Peso e altura da pessoa
  • Posição corporal (em pé, deitado ou inclinado)
  • Tipo de superfície (asfalto, grama, areia ou piso molhado)

Estudos de dinâmica dos ventos indicam riscos progressivos conforme a velocidade aumenta:

  • Ventos acima de 90 km/h: risco de queda ou perda de equilíbrio
  • Acima de 120 km/h: possibilidade de ser arrastado
  • Acima de 150 km/h: arrasto ocorre independentemente do porte físico

"Ventos acima de 60 km/h já representam risco. Acima de 100 km/h, podem ferir gravemente qualquer pessoa", alertou Maricler.

Destruição no Paraná e chegada ao litoral paulista

O fenômeno climático chegou ao litoral paulista na madrugada de sábado (8), após causar destruição no Paraná. Em Rio Bonito do Iguaçu, um tornado deixou seis mortos e devastou cerca de 80% do município, em uma das maiores tragédias climáticas recentes da região.

Segundo a Defesa Civil Estadual, Peruíbe registrou rajadas de vento de até 74 km/h. O alerta emitido previamente previa ventos ainda mais fortes, de até 110 km/h, acompanhados de tempestades, raios e mar agitado.

Dicas de segurança em situações de ventania

Diante do risco comprovado, especialistas recomendam medidas de proteção. Jonathan Ternes orienta que, em situações de risco, a pessoa deve se sentar no chão para reduzir a área de contato com o vento e dificultar o arrasto.

Esta não é a primeira vez que cenas como essa chamam atenção no litoral paulista. Em 23 de junho deste ano, moradores de Praia Grande foram flagrados sendo arrastados por rajadas de vento que chegaram a 65 km/h, segundo a Defesa Civil. Nas imagens da época, era possível ver pessoas fazendo força contra o vento, algumas se agachando e um homem se protegendo atrás de um poste enquanto segurava uma bicicleta para ela não 'voar'.

Os incidentes reforçam a importância de seguir alertas meteorológicos e adotar medidas preventivas durante eventos climáticos extremos, que têm se tornado cada vez mais frequentes em diversas regiões do Brasil.