Uma série de tempestades devastadoras e as piores enchentes registradas na última década causaram uma tragédia de grandes proporções no sudoeste da Ásia. Autoridades da Tailândia, Indonésia e Sri Lanka confirmaram, nesta terça-feira (2), que o número de mortos já ultrapassa a marca de 1.300 pessoas.
Com mais de 800 indivíduos ainda desaparecidos, equipes de emergência de vários países estão em uma corrida contra o tempo para resgatar sobreviventes e recuperar corpos. A situação é descrita como uma das mais graves dos últimos anos na região.
Países mais afetados e dificuldades nos resgates
A Indonésia é o país que registra o maior número de vítimas fatais. Equipes de resgate enfrentam obstáculos enormes para alcançar vilarejos isolados na ilha de Sumatra, onde estradas foram completamente destruídas e pontes desabaram. A Agência Nacional de Gestão de Desastres do país mobilizou helicópteros e barcos para tentar acessar as áreas mais críticas.
No Sri Lanka, o presidente Anura Kumara Dissanayake afirmou que ainda é muito cedo para determinar o número exato de mortos em seu território. Além desses dois países, o sul da Tailândia e o norte da Malásia também foram severamente atingidos, com três mortes confirmadas no território malaio.
Fenômenos climáticos por trás da catástrofe
As chuvas torrenciais que castigam a região desde a semana passada foram provocadas por uma combinação de fenômenos meteorológicos. Grande parte da Ásia vive atualmente a temporada anual de monções, que tradicionalmente traz precipitações intensas, deslizamentos de terra e inundações.
Porém, a intensidade deste desastre foi amplificada por uma rara tempestade tropical, que despejou volumes extraordinários de água, especialmente sobre Sumatra. Cientistas alertam que as mudançãs climáticas têm um papel crucial nesse cenário, pois uma atmosfera mais quente retém mais umidade, aumentando a potência das tempestades e a quantidade de chuva.
Desastre natural ou crise provocada pelo homem?
As consequências no norte de Sumatra foram agravadas por um fator alarmante: milhões de metros cúbicos de madeira derrubada foram arrastados pelas enxurradas e deslizamentos. Este fato gerou uma grande preocupação pública e levanta suspeitas de que a extração ilegal de madeira pode ter contribuído significativamente para a dimensão do desastre.
A região de Batang Toru, antes uma área de floresta exuberante, agora se assemelha a um terreno baldio coberto por troncos quebrados e casas destruídas. Rianda Purba, do Fórum Ambiental Indonésio, foi enfático: "Isto não é apenas um desastre natural, é uma crise provocada pelo homem. O desmatamento e o desenvolvimento desenfreado privaram Batang Toru de sua resiliência".
O ativista completou com um alerta sombrio: "Sem uma restauração urgente e proteções mais rigorosas, essas inundações se tornarão a nova normalidade". O número de mortos na Indonésia já é o maior em um desastre natural desde 2018, quando um terremoto seguido de tsunami matou mais de duas mil pessoas.
Enquanto as equipes de resgate continuam seus trabalhos sob condições extremamente difíceis, a comunidade internacional observa uma tragédia que expõe a vulnerabilidade da região aos extremos climáticos e as consequências da intervenção humana no meio ambiente.