Turbulências podem se tornar mais frequentes e intensas nos próximos anos
As viagens de avião podem ficar mais conturbadas nas próximas décadas devido aos efeitos das mudanças climáticas. Um estudo realizado pela Universidade de Reading, na Inglaterra, alerta que até o ano de 2100, poderá haver um aumento de 27% nas turbulências em relação aos níveis registrados em 2015.
Pesquisa analisa impacto climático na aviação
O estudo, publicado em novembro de 2025, investiga como a evolução da atmosfera terrestre está afetando diretamente a intensidade e a frequência das turbulências, com atenção especial para as regiões tropicais. A pesquisa contou com a colaboração de companhias aéreas e pilotos para entender melhor esse fenômeno.
As chamadas correntes de jato - ventos fortes que ocorrem a aproximadamente 10 quilômetros de altitude - serão as principais responsáveis por esse aumento significativo nas turbulências. Esses ventos estão se intensificando com o aquecimento global, criando condições mais favoráveis para a formação de turbulências.
Turbulências de ar limpo preocupam especialistas
Um dos aspectos que mais preocupa os pesquisadores é o crescimento das turbulências de ar limpo, que ocorrem em condições de céu azul e sem nuvens. Essas turbulências são praticamente invisíveis aos radares das aeronaves e podem surpreender os pilotos durante o voo, representando um desafio adicional para a segurança aérea.
Segundo Joana Medeiros, meteorologista e pesquisadora envolvida no estudo, a distribuição desigual das mudanças de temperatura pelo globo dificulta a medição precisa e a previsão desses eventos. As temperaturas mais elevadas nas regiões tropicais e próximas à Linha do Equador contribuem para a formação de ventos mais fortes, aumentando o potencial para turbulências.
Companhias aéreas se adaptam às novas realidades
Diante desse cenário, as companhias aéreas já estão tomando medidas para garantir a segurança dos passageiros e tripulações. Entre as estratégias adotadas estão:
- Recálculo constante das rotas de voo para evitar áreas com maior probabilidade de turbulências
- Monitoramento contínuo das previsões meteorológicas
- Fortalecimento da comunicação entre aeronaves e pilotos
- Adaptação dos planos de voo em tempo real conforme as condições climáticas
Embora essas medidas possam resultar em maior consumo de combustível devido aos desvios de rota, a prioridade absoluta continua sendo a segurança dos voos.
A pesquisadora Joana Medeires destaca que a indústria da aviação busca quantificar essas alterações para desenvolver a próxima geração de aeronaves. "O que a indústria quer agora é saber, é tentar quantificar como essas alterações vão aumentar para o futuro, para eles poderem adaptar as naves que vão construir daqui uns dez anos, que são a próxima geração de aviões, para serem mais robustas para o nível de turbulência que vão encontrar no futuro", explica a especialista.
O estudo reforça a necessidade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que possam melhorar a detecção e previsão de turbulências, especialmente as de ar limpo, que representam o maior desafio para a aviação moderna.